A operação ‘Contragolpe’, executada nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal contra um grupo acusado de planejar um golpe de estado no Brasil, entre os meses de novembro e dezembro de 2022, mirou os chamados ‘kids pretos’ - militares das Forças Especiais do Exército utilizados em missões especiais e politicamente sensíveis.
Das cinco prisões realizadas nesta terça-feira, quatro são de militares do Exército Brasileiro ligados ao Comando de Operações Especiais. A outra pessoa detida é um agente da Polícia Federal.
Saiba quem são:
- Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel e ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus)
- Mario Fernandes (General do Exército e ex-comandante de Operações Especiais do Exército - ‘kids pretos’. Também foi assessor da presidência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro)
- Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel do Exército e integrante das Forças Especiais - ‘kids pretos’)
- Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel do Exército e integrante das Forças Especiais - ‘kids pretos’)
- Wladimir Matos Soares (policial federal lotado na Superintendência Regional do Distrito Federal)
O que são os ‘kids pretos’?
O apelido é dado aos militares em formação no curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro, treinados no Comando de Operações Especiais, em Goiânia (GO) e no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niteroi (RJ). O treinamento também é realizado de forma complementar na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus (AM).
Os militares que que concluem esse treinamento passam a integrar o grupo Operações Especiais do Exército - responsável por atuar em missões sigilosas e em ambientes hostis e politicamente sensíveis.
Essa tropa especial do Exército surgiu em 1957, inspirada nos ‘Rangers’ do Batalhão de “Special Forces” do Exército dos Estados Unidos, também utilizados em missões altamente sensíveis.
Conforme a explicação dada pelo próprio exército, no site do Centro de Instrução de Operações Especiais, ‘Os Forças Especiais são caracterizados por serem um grupo de elite de altíssimo desempenho que cumpre missões e tarefas em áreas profundas, além das capacidades das forças convencionais”.
“Punhal Verde e Amarelo”
Segundo a investigação da Polícia Federal, os militares envolvidos integram o grupo conhecido como ‘Kids Pretos’ - militares em formação nas Forças Especiais do Exército .
A PF detalhou que organização criminosa teria sido responsável por um plano de golpe de Estado para impedir a posse do governo legitimamente eleito nas Eleições de 2022 e restringir o livre exercício do Poder Judiciário.
As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022.
Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022. O plano incluia o assassinato do preisdente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e do vice, Geraldo Alckmin.
Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado. O ministro em questão é Alexandre de Moraes.
O planejamento dos investigados incluia detalhes sobre os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de implementar um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” após o golpe. O gabinete seria integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações.
Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa.