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AMM entra com ação no STF por revisão do acordo de Mariana e orienta que municípios não assinem

Presidente da Associação Mineira dos Municípios quer garantir mais direitos às cidades antes de assinatura definitiva do acordo de repactuação

Presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) entrou com ação no STF por participação no acordo de Mariana

O presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Marcos Vinícius Bizzaro, afirmou nesta terça-feira (12), durante a abertura do 7º Congresso Mineiro de Novos Gestores, em BH, que a AMM entrou com um pedido junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para participar do processo de homologação do acordo de indenização da tragédia de Mariana. No pedido, a AMM argumenta que o rompimento da barragem de Fundão não afetou apenas as cidades diretamente localizadas na bacia do Rio Doce, mas também outros municípios que, segundo a entidade, sofrem as consequências ambientais e econômicas do desastre de 2015.

“O que eu espero é que a gente volte à mesa de negociação e mostre que não foram só aqueles municípios da Bacia que foram impactados. Minas Gerais toda foi impactada, pois foi a maior tragédia ambiental do mundo. Então, a gente tem que trazer isso para a negociação, e queremos sim ser respeitados”, disse Marcos Vinícius, que é também prefeito de Coronel Fabriciano.

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O acordo de indenização movimenta R$ 170 bilhões para recuperação e compensação dos danos causados. Deste total, R$ 100 bilhões são destinados a projetos de reconstrução e assistência social. No entanto, a AMM ressalta que a falta de repasses diretos aos às cidades afetadas limita a autonomia financeira e dificulta a resposta rápida aos problemas. A entidade destaca que, além dos municípios da bacia do Rio Doce, outros também enfrentaram queda de arrecadação e aumento de custos devido ao impacto do desastre.

O presidente disse que a Associação irá orientar os municípios integrantes a não assinarem o documento. “A orientação é que os municípios não assinem até que todo o seu jurídico, que o jurídico da AMM tenha muita clareza em todo esse acordo. São mais de 1.200 páginas, e todo o jurídico, tanto da AMM como dos municípios, está estudando”, afirmou.

Bizarro argumenta que, a partir do momento em que os municípios assinem o acordo, ficarão reféns dos órgãos de controle. “Ao momento que o prefeito assinar que concorda com aquele acordo, ele vai receber a conta-gotas os recursos e vai será automaticamente responsabilizado pelas infraestruturas e pela recuperação. Sem contar que, no momento em que ele assina um acordo, ele já considera que está quitado o acordo 20 anos antes de receber a última parcela. (...) No momento que o município assinar aquele acordo, ele vai ficar refém dos órgãos de controle: Ministério Público Federal, Procuradoria Geral da União, tudo em cima da gente depois”.

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O governador em exercício de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), disse que os municípios estão no direito de reivindicar um melhor acordo. “Quando você perde a arrecadação, você prejudica o Estado inteiro. Prejudica mais quem está na cara, é óbvio, isso não há dúvida nenhuma, que esses municípios são os mais atingidos. Nós nunca pretendemos excluir os outros, mas a parte que cabe ao Estado está contemplada. Acho que há uma discussão sobre a parte dos municípios, que é um anexo separado dentro do acordo e acho que os municípios estão no direito deles de não assinar e de questionar essa parte do acordo”, afirmou.

O pedido da AMM segue sob relatoria do ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal.


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Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.