Com vitórias e desgastes no Congresso, Lula chega a 2026 com temas de segurança, escala 6x1 e STF pendentes

Presidente tem pendências na área de segurança pública e deve emplacar mais um ministro no Supremo Tribunal Federal

Os presidentes da República, Lula (cen.), do Senado, Davi Alcolumbre (esq.), e da Câmara, Hugo Motta (dir.)

Apesar dos desgastes com os parlamentares ao longo do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu aprovar boa parte de sua agenda no Congresso Nacional em 2025.

O resultado foi reconhecido pelo próprio presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em discurso na cerimônia de posse do novo ministro do Turismo na última terça-feira (23).

“Encerro, presidente, as minhas palavras dizendo e aqui olhando para os ministros presentes que não tivemos um ano fácil, foi um ano de muitos desafios, um ano de embates, mas um ano que o Congresso Nacional não faltou ao governo do senhor. Nós tivemos aprovações importantes que dão ao senhor a certeza de que o governo encerra o ano muito melhor do que o que iniciou”, afirmou Motta.

Entre as principais pautas, o destaque vai para o projeto que amplia a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, promessa de campanha de Lula, a regulamentação da reforma tributária e o texto que corte benefícios fiscais em no mínimo 10%, que permitirá ao governo equilibrar as contas públicas no próximo ano e aumenta a tributação sobre bancos, bets e bilionários, os chamados BBBs.

Apesar disso, o governo ainda tem pendências a resolver no próximo ano, que tende a ter uma janela de oportunidades mais curtas por causa das eleições, marcadas para outubro.

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Uma das pautas é a proposta de emenda à Constituição que redefine o espaço do governo federal na gestão da segurança pública, a chamada PEC da Segurança. O texto tramita na Câmara, sob a relatoria do deputado Mendonça Filho (União-PE) e enfrentou a resistência dos governadores, que temem perder atribuições para a União.

Na última reunião ministerial do ano, Lula afirmou inclusive que a aprovação da PEC vai acarretar em mudanças no seu governo, como a recriação do Ministério da Segurança Pública.

“Ora, eu nunca quis discutir segurança pública, porque não era papel do governo federal, porque a Constituição não dá ao governo federal o direito de interferir na segurança pública. [...] Então, por isso que eu quero aprovar a PEC, porque depois que aprovar a PEC, que definir qual é o papel da União na questão da segurança pública, nós vamos criar o Ministério da Segurança Pública nesse país”, declarou o petista.

Outros projetos

Na mesma área, a Câmara ainda precisa analisar as mudanças feitas pelo Senado ao projeto de lei antifacção, que endurece as penas e busca fortalecer o combate a essas organizações criminosas.

Outro tema pendente é a PEC que acaba com a jornada de trabalho 6x1, ou seja, seis dias trabalhados com um de descanso. Pesquisa Quaest mostrou que 72% dos brasileiros são a favor da mudança, o que pode alavancar a popularidade do presidente no ano eleitoral.

“E eu acho que o país está pronto e a economia está pronta para o fim da escala 6x1. Não existe um único argumento que possa dizer que a sociedade brasileira não está pronta”, defendeu o presidente em café com jornalistas no Palácio do Planalto, em 18 de dezembro.

No Senado, a única pendência é a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal. O nome enfrentou a resistência do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), que defendia o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o cargo.

Para assumir a cadeira na Corte, Messias precisa passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça e ser aprovado no plenário, com voto favorável de pelo menos 41 dos 81 senadores.

Mas, com o Congresso em recesso, no entanto, essas pautas só devem ser discutidas em fevereiro, com o governo já pressionado por mostrar resultados aos eleitores.

Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.

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