Entre os manifestantes que foram à Praça da Liberdade, no Centro de BH, na manhã deste sábado (7), para protestar contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, estão alguns dos presos por participarem nos
Entrevistados pela reportagem da Itatiaia, eles pedem para não terem seus nomes divulgados, uma vez que poderiam ser prejudicados pelos acordos fechados com a Justiça para a retirada das tornozeleiras eletrônicas. No entanto, cobram justiça e reclamam de terem sido condenados de forma arbitrária.
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“Chegamos lá sábado de manhã, viramos de sábado para domingo, fomos chamados para uma manifestação pacífica. Nunca fomos para quebrar nada. Quando chegamos no Congresso, já estava tudo quebrado. Voltamos para o quartel e no dia seguinte falaram para entrarmos dentro dos ônibus, falaram que iriam nos levar para a rodoviária, ficamos cinco horas dentro dos ônibus e nos levaram para a academia da Polícia Federal. Entrei às 3h e às 6h já estava entrando na Papuda. Houve uma injustiça, colocaram todos no mesmo balaio. Eu não cheguei a entrar dentro dos prédios. Poderiam ver as imagens, buscar digital, coletar DNA, não vão achar nada. Mesmo assim fiquei 1 ano e seis meses com a tornozeleira. Todo mundo trabalha, eu tive muita quebra de medida cautelar porque estava voltando do trabalho, no trânsito”, conta o homem de 40 anos, que participou do ato na Praça da Liberdade.
“Eu sou camelô e agora consegui um serviço à noite de vigia. Não me arrependo, porque não fiz nada de errado. Seu eu tivesse quebrado, mas não fiz. Não individualizar os crimes. E as imagens mostram quem quebrou e quem não quebrou. Minha vida está uma derrota. Muita discriminação. Mesmo usando calça comprida, a tornozeleira dá um volume e as pessoas acham que somos criminosos. Eu fui manifestar pacificamente, o que está previsto na Constituição. Eles pegaram todo mundo”, continua.
‘Não sou vândalo’
Outro preso no dia 8 de janeiro que participou do ato na Praça da Liberdade neste sábado (7), afirma que milhares de pessoas que permaneceram na porta dos quartéis, em protestos pacíficos foram levadas junto com pessoas que depredaram o patrimônio público.
“Pessoas que acreditavam na liberdade. Não são vândalos ou criminosos, ali tinham homens e mulheres de todas as idades e de todas as classes sociais. As pessoas ali seguiam o que acreditavam. As pessoas que estavam em frente aos quartéis não promoveram nenhuma desordem. Já as pessoas que promoveram a quebradeira dentro dos prédios não estavam conosco”, diz o homem em conversa com a reportagem da Itatiaia na Praça da Liberdade.
“Nós temos o exemplo de uma mulher que matou, foi condenada, e está solta. Agora, uma professora, com uma garrafa de água, que participava de uma manifestação, foi presa. Precisamos de anistia para as pessoas que foram injustiçadas. São brasileiros que foram às ruas querendo o melhor para o país. Eu fiz um acordo, pagar uma multa de R$ 5 mil, trabalho comunitário, curso de democracia, que ainda não tem dia ou data para começar. Muitas pessoas perderam os empregos. Eu mesmo perdi meu trabalho e estou desempregado. Como você consegue trabalhar com uma tornozeleira eletrônica?”, questiona.