Ouvindo...

Suspensão do VPN determinada por Moraes é inconstitucional, diz especialista

Além do ‘X’, Moraes também exige que empresas, como Google e Apple, dificultem o acesso dos brasileiros a serviços de VPN

Moraes diz em depoimento que ataques tiveram conotação política, afirmam fontes da PF.

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, além da suspensão do ‘X’, que empresas como Google e Apple dificultem o acesso dos usuários brasileiros a serviços de VPN. A decisão foi publicada nesta sexta-feira (30) e gera polêmica porque o VPN é utilizado não somente para acessar redes sociais ‘proibidas’, mas para acessar várias outras ferramentas que não possuem relação com o ‘X’.

"[Intimo as empresas] APPLE e GOOGLE no Brasil para que insiram obstáculos tecnológicos capazes de inviabilizar a utilização do aplicativo “X” pelos usuários do sistema IOS (APPLE) e ANDROID (GOOGLE) e retirem o aplicativo “X” das lojas APPLE STORE e GOOGLE PLAY STORE e, da mesma forma, em relação aos aplicativos que possibilitam o uso de VPN (‘virtual private network’), tais como, exemplificativamente: Proton VPN, Express VPN, NordVPN, Surfshark, TOTALVPN, Atlas VPN, Bitdefender VPN”, afirma a decisão do ministro.

Leia mais

À Itatiaia, Alexandre Atheniense, especialista em Direito Digital, explica as implicações da proibição do uso do serviço VPN. “Não é constitucional porque, na verdade, quando Alexandre de Moraes proíbe o VPN ele resolve punir tanto as pessoas quanto a disponibilização do uso do software de VPN, e é uma decisão completamente desproporcional. [...] Nesse caso, ele impede o cidadão de ter acesso a conteúdos, por exemplo, de educação, porque diversos conteúdos necessários para trabalhar e para estudar não estão disponíveis no Brasil”, comenta.

Atheniense destaca que existem bancos de dados importantes que não são disponíveis pelos servidores brasileiros. "É aplicar uma penalidade a uma empresa e, ao mesmo tempo, atingir diversas pessoas que utilizam essa ferramenta para trabalhar e estudar”, afirma.

Leia também

Para o especialista, a decisão de Moraes esbarra em direitos importantes dos cidadãos brasileiros garantidos pelo Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014). Ele aponta irregularidades que impactam o direito de acesso à informação e o direito de acesso à privacidade, previstos na Lei. “Quando a pessoa usa um software VPN é criado um tunelamento criptografado entre o usuário e o site que ele vai acessar. Ou seja, é um meio de manter a privacidade do usuário sem que um terceiro possa interceptar em que site que o usuário está acessando”, detalha.

Outro ponto relevante, é que ao impedir o uso de VPN no Brasil, Moraes gera grandes danos e prejuízos as empresas que fornecem o serviço e que não possuem ligação direta com embate entre o Ministro e Elon Musk.


Participe dos canais da Itatiaia:

Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento