Ouvindo...

Política, cidadania, democracia: especialistas explicam o básico do sistema eleitoral

A Itatiaia conversou com dois cientistas políticos para entender as principais estruturas da política moderna

Política vem de ‘polis’, termo grego que significa cidade-estado.

É difícil acompanhar as principais notícias do mundo sem se deparar pelo menos uma vez com termos como ‘democracia’ e ‘política’. Faltando menos de três meses para a chegada do primeiro turno das eleições municipais de 2024, a Itatiaia foi atrás de especialistas para responder as principais dúvidas sobre a vida política.

Nós conversamos com José Paulo Martins, doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, e com Adriano Cerqueira, cientista político, doutor em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), e professor do IBMEC e UFOP.

Afinal, o que é política?

De acordo com o professor José Paulo Martins, a política é tudo que envolve a vida em sociedade. O termo política é derivado do termo grego polítikós, que vem de polis, que significa a vida na cidade-estado.

Leia também:

O que é cidadania?

Cidadania também é um conceito que vem de uma palavra estrangeira, dessa vez, do latim civitas, que quer dizer ‘cidade’. De acordo com José Paulo, a cidadania está ligada aos direitos e deveres das pessoas, independentemente da classe social, enquanto parte da vida política de determinado lugar. Segundo ele, são três os principais conjuntos de direitos que vão formar o cidadão:

  1. Direitos civis: direito à vida, de ir e vir, à liberdade religiosa, etc. Esses, são garantidos pelos tribunais.
  2. Direitos políticos: direito de votar e ser votado, de se organizar políticamente em partidos e de eleger representantes.
  3. Direitos sociais: direito à saúde, à moradia, à previdência e, principalmente, à educação.

“Muita gente até acha que a educação deveria ser um dever. As pessoas deviam ser obrigadas a se educar isso porque só através da educação é que elas terão consciência de que elas são cidadãs, portadoras de direitos e assim, ser capaz de valer esses direitos”, continua o professor.

José Paulo Martins é cientista político, com ênfase em Estudos Eleitorais e Partidos Políticos, e membro do Observatório da Justiça Eleitoral.

Para Adriano Cerquino, que é cientista político e professor, o papel da cidadania em uma democracia como o Brasil é o delegar poderes para que os representantes, sejam eles prefeitos, vereadores, presidentes ou deputados, atuem constitucionalmente, mas além disso, também é “fazer cobranças diretas aos representantes eleitos”.

Adriano Cerqueira é cientista político e professor na IBMEC e na UFOP.

Leia também

Por que o voto é um exercício da cidadania?

O voto é um dos elementos que faz parte da cidadania, assim como ir à escola, mas, de acordo com o professor da UFF, o voto é um dos mais importantes porque a partir dele que os outros direitos são garantidos. “Há governos que oferecem mais direitos trabalhistas, mais direitos previdenciários e garantem maior liberdade religiosa, por exemplo. Então o voto é um exercício da cidadania, mas não só".

O que é democracia?

Para essa pergunta, o professor José Paulo respondeu que a democracia, o sistema político do Brasil hoje, pode ser várias coisas. As definições clássicas colocam a democracia como governo de muitos. “A definição que mais gosto é a de um cientista político polonês, Adam Przeworski. Ele diz que a democracia é o sistema político em que os partidos perdem as eleições”, diz o doutor em Ciência Política pela USP.

Uma das características, também, da democracia é a divisão do poder. No Brasil, o poder é divido entre entre três poderes.

  1. Executivo: exercido pelo presidente.
  2. Legislativo: exercido pelo parlamento.
  3. Judiciário: exercido pelos tribunais.

Para o José Paulo, a democracia brasileira ainda tem a divisão de poder federal, em que os três poderes estão espelhados em um nível sub-nacional. “Aqui acontece o que chamamos de democracia consociativa, de consensos, porque o poder é muito divido. Para quem tem exercício do poder é mais díficil colocar a agenda em prática, mas por outro lado, sempre que uma política precisa ser feita, ela só consegue ser aprovada quando há um nível de aprovação”.


Participe dos canais da Itatiaia:

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.