A promessa de começar as obras na Linha 2 do metrô de Belo Horizonte, que vai até a região do Barreiro, é motivo de apreensão para as famílias que moram às margens dos trilhos.
A promessa da concessionária Metrô BH é dar o início à tão aguardada obra de ampliação do metrô da capital mineira a partir da segunda quinzena de maio, ou seja, a partir desta semana.
Os moradores que ocuparam terrenos próximos dos trilhos, no entanto, citam
“Não sei o que vou fazer, não sei para onde vou. Agora vou esperar, está sem processo de negociação e a gente não sabe se vamos receber uma casa ou algum valor”, conta Poliane Furtado, que mora na região há mais de 12 anos.
São mais de trezentas famílias vivendo nos bairros Nova Cintra, Vista Alegre e Nova Gameleira, setor Oeste da capital.
Metrô de BH: linha 2 do vai ser acesso à região do Barreiro
“Aqui chama-se Vista Alegre 3, bairro Nova Gameleira. São mais de 150 famílias. Para nós foi uma surpresa. Mesmo que a obra seja boa para beneficiar muitas pessoas, para nós será muito difícil. A gente recebeu uma equipe da Metrô BH, eles fizeram e falaram que fariam uma análise em três etapas: identificar as moradias removidas, depois a etapa socioeconômica com as famílias e depois a medição das casas com os engenheiros. Isso começou em setembro e em dezembro começariam as remoções. Estamos em maio e não sabemos ainda o que vai acontecer”, diz Poliane.
O deputado Rogério Correia (PT) participou de uma visita aos moradores e cobrou uma posição da prefeitura de BH e do governo de Minas para participar das negociações sobre a retirada dos moradores das margens dos trilhos onde passará a Linha 2.
“O prazo para a empresa terminar as obras é 2027, em 2028 a nova linha já tem que estar funcionando, e nosso principal preocupação é com essas 400 famílias. Elas precisam ser removidas com os direitos que elas têm, que são direitos legais e constitucionais. Até agora, ninguém do poder público veio aqui. Nem prefeitura, nem estado estiveram aqui. Apenas a empresa privada. Esse processo vai atrasar a obra do metrô, que não é o que queremos. Estamos chamando atenção da prefeitura e do governo para saírem dos gabinetes e vir aqui verem a situação”, afirmou o deputado petista.
O defensor público federal João Simões acompanha a situação de perto e afirma que o melhor cenário é o reassentamento digno das famílias.
“Aqui nós estamos falando de deslocamento involuntário das pessoas. Tem gente com poder econômico e gente sem poder econômico. Se você desapropriar um pobre da casa dele, ele não consegue achar outra casa. Então é preciso o reassentamento para garantir a moradia digna”, diz o defensor público.
Alguns moradores, no entanto, preferem receber uma indenização financeira para deixar o local. É o caso do aposentado Miguel Pessoa da Silva, de 71 anos, que diz que vai deixar Belo Horizonte quando tiver que sair da casa onde mora, às margens do trilho.
“Eu gosto daqui. Mas, infelizmente, teremos que sair. Não vai ter jeito. Eu prefiro receber um dinheiro. Quero voltar para o interior, sair de BH”, conta Miguel.
Em entrevista à Itatiaia no dia 22 de março, o CEO da empresa Metrô BH, Guilherme Martins, fez uma série de promessas: resolução do processo de indenização das famílias, obras começando em maio e a linha 2 inaugurada até abril de 2027.
O metrô de BH tem hoje apenas uma linha com 19 estações, ao longo de 28 quilômetros. A empresa que administra o serviço, a Metrô BH, tem que construir uma nova estação na Linha 1, a Novo Eldorado, até o ano de 2026.
A concessionária fará também uma nova linha, que vai conectar a Linha 1 até a região do Barreiro, terá sete estações: Nova Suíça, Amazonas, Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre, Ferrugem e Barreiro. Serão 10,5 km de via permanente.