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Moradores afetados pela expansão do Metrô de BH vivem incerteza às vésperas do início das obras

Cerca de 300 famílias vivem próximo à linha férrea nos bairros Vista Alegre, Nova Cintra e Nova Gameleira e terão que deixar suas casas

Famílias que vivem às margens de linha férrea terão que deixar suas casas na região Oeste de Belo Horizonte

Cerca de 300 famílias que moram nos bairros Vista Alegre, Nova Cintra e Nova Gameleira, na região Oeste de Belo Horizonte, convivem com a incerteza às vésperas do início das obras para a expansão do metrô.

Os moradores construíram suas vidas às margens da linha férrea e terão que desocupar o local. A empresa Metrô BH, concessionária que vai construir a linha 2, é a responsável pelas tratativas de desocupação desta área.

Moradores da região ouvidos pela Itatiaia nesta sexta-feira (10) revelam incertezas quanto ao processo de desocupação. Poliane Furtado, que mora há 12 anos na região, diz que os moradores começaram a ser procurados em setembro por uma empresa contratada pela Metrô BH, para um diagnóstico sócio-econômico. Uma indenização teria sido prometida a eles mas, oito meses depois, a moradora relata que não houve resposta e que as famílias sequer sabem se serão alocadas em novas residências ou se receberão uma indenização em dinheiro.

“Nunca foi falado valores, remoção, lugar. Nada disso foi falado para a gente. Nós estamos sem informação nenhuma. Quando foi para a gente ceder as informações para eles, a gente fez, mas para eles cederem para a gente, nada”, reclama.

Outra incerteza que toma conta das famílias é o início das obras de ampliação do metrô, que ainda não tem uma data definitiva para começar. Nesta sexta, representantes da Comissão de Administração e Serviços Públicos da Câmara dos Deputados, acompanhados da Defensoria Pública da União (DPU), visitaram a região, conhecida como Vista Alegre 3, para ouvir as queixas dos moradores.

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De acordo com o deputado federal Rogério Correia (PT), há temor por parte dos moradores que o processo seja demorado e que os prazos não sejam cumpridos. O defensor público da União, João Simões, afirma que o ideal é que a empresa responsável pela ampliação do metrô garanta um reassentamento digno às famílias que serão removidas de suas casas.

“Estamos falando de deslocamento involuntário de pessoas, elas são obrigadas a saírem de suas casas para outros lugares. Se vovê for desapropriar um pobre da casa dele, ele não consegue comprar outra coisa. Então, a Defensoria trabalha nisso, para garantir o direito de moradia dela. Mas o critério para os pobres é que sejam reassentados em uma casa, não indenizados”, defende.

A empresa metrô BH tem até 2027 para construir a linha 2 do metrô de Belo Horizonte — que vai ligar a estação Calafate, na região Oeste, à região do Barreiro. A reportagem procurou a MetrôBH, mas não obteve respostas até o momento.


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Mineiro de Urucânia, na Zona da Mata. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2024), mesma instituição onde diplomou-se jornalista (2013). Na Itatiaia desde 2016, faz reportagens diversas, com destaque para Política e Cidades.