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‘Imposto do pecado’ penaliza cerveja, mas alivia ao poupar ultraprocessados

Proposta de sobretaxar itens nocívos à saúde e ao meio ambiente também incluie veículos poluentes e refrigerantes, mas é críticada ao isentar salgadinhos e biscotios cancerígenos e ligados à obesidade

Cerveja e outras bebidas alcólicas terão tributação diferenciada na reforma de impostos proposta pelo governo federal

Na contramão da promessa de simplificação e isenção de impostos, um item em específico na proposta de Reforma Tributária, apresentada ontem no Congresso Nacional, pretende tornar alguns produtos mais caros, com alta carga tributária. É o imposto seletivo, que tem sido chamado de ‘imposto do pecado’, que cria alíquotas de tributação acima da média para produtos nocivos à saúde e à natureza que vão desde a cerveja até o minério extraído.

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O imposto seletivo será aplicado sobre itens como cigarros, bebidas alcoólicas, bebidas açucaradas, veículos poluentes e a extração de minério de ferro, petróleo e gás natural. A intenção é que produtos e serviços que causem danos à saúde pública e ao ecossistema tenham uma tributação mais elevada em comparação com outros setores da economia.

“O presente Projeto especifica os produtos sobre os quais o Imposto Seletivo incidirá, bem como a forma pela qual se dará a tributação sobre cada categoria de produto. As alíquotas a serem aplicadas serão definidas posteriormente por lei ordinária”, afirma o texto do projeto.

No entanto, o governo ainda não esclareceu se a implementação do imposto do pecado resultará em um aumento da carga tributária em relação ao sistema atual, no qual esses produtos já são sujeitos a uma taxação mais elevada.

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Biscoitos e salgadinhos ficaram de fora

Um dos pontos criticados na Reforma Tributária é a ausência dos alimentos ultraprocessados na categoria de produtos taxados pelo ‘imposto do pecado’. A categoria de alimentos neste segmento inclui biscoitos, massas de bolo, salgadinhos, carnes embutidas e outros. A intenção do governo com essa tributação é desestimular o consumo desses produtos.

Pesquisas científicas recentes apontam que a ingestão desses alimentos é o principal fator para o aumento da obesidade, sobretudo em crianças. Além disso, esse alimentos aumentaram significativamente o risco de câncer colorretal nos homens, bem como um risco maior de doenças cardíacas e morte precoce em homens e mulheres.

A ausência deles na lista seletiva de impostos contrariou a recomendação de entidades ligadas à área da saúde, como o Conselho Nacional de Saúde, que neste mês recomendou a inclusão dos ultraprocessados na lista de produtos sobretaxados, além do próprio Ministério da Saúde, que também defendeu a taxação de alimentos ultraprocessados na Reforma Tributária.


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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio