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Saída de secretários indicados por Aro da PBH não vai diminuir base de Fuad na Câmara

Quatro aliados do chefe da Casa Civil de Minas deixaram a equipe de governo da capital em meio a incertezas sobre apoio na eleição de outubro

Fuad, prefeito de BH, terá de nomear quatro novos secretários por causa de exonerações

A saída, do primeiro escalão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), de indicados do secretário de Estado da Casa Civil de Minas Gerais, Marcelo Aro (PP), não deve gerar prejuízos ao prefeito Fuad Noman (PSD) na Câmara Municipal. Mesmo com as exonerações dos quatro secretários municipais indicados por Aro a Fuad, os vereadores ligados ao chefe da Casa Civil mineira continuarão engrossando a base governista no Legislativo.

Nessa segunda-feira (1°), Fuad recebeu pedidos de demissão feitos pelos secretários Castellar Guimarães Neto (Governo), Roberta Rodrigues (Educação), José Reis (Meio Ambiente) e Fernando Motta (Desenvolvimento Econômico). Eles passaram a dar expediente na prefeitura no ano passado, após um acordo entre o prefeito e Aro em prol de ampliação do leque de aliados de Fuad - e, consequentemente, de governabilidade. O trato envolveu, ainda, o embarque, na base da prefeitura na Câmara, dos vereadores sobre os quais Aro detém influência.

A chamada “Família Aro” tem, por exemplo, Juliano Lopes (Agir), vice-presidente da Câmara Municipal, além de vereadores como Cláudio do Mundo Novo (PL), Flávia Borja, Rubão e Wilsinho da Tabu — todos do PP.

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“Não tem uma ruptura aqui. Seria muito injusto de nossa parte ter qualquer tipo de outra postura sendo que o prefeito foi muito correto conosco. Então, os vereadores de nosso grupo político continuam na base de governo e ajudando o prefeito Fuad nas pautas que ele entende que são importantes para a cidade”, disse Aro, atribuindo a questões eleitorais a saída de seus aliados do Executivo belo-horizontino.

O desembarque dos quatro secretários se relaciona ao fato de Aro ainda não ter definido quem apoiará na eleição de BH em outubro. Fuad, por sua vez, é pré-candidato à reeleição.

“Quando assumimos essa parceria, foi para garantir a governabilidade. E isso foi feito com muita competência e dedicação. Mas, em momento nenhum, tínhamos compromissos eleitorais. Entendo que o grupo (de Aro) tem seus objetivos eleitorais e tomou essa decisão (de pedir as exonerações). A mim, cabe acatar”, falou o prefeito.

“Ao Marcelo, meu muito obrigado pela parceria que fizemos. Parceria que, acho, não se encerra neste momento. Ela continua de uma forma não tão próxima, mas com a mesma efetividade”, apontou, momentos depois.

Nos bastidores, lideranças do PSD, legenda de Fuad, mostravam incômodo com o tamanho do espaço dado ao núcleo de Aro na prefeitura. O secretário da Casa Civil mineira, inclusive, afirmou que o prefeito vinha sofrendo “exaustiva pressão” dos pessedistas.

“Não vou dizer que tem pressão política. Logicamente, o partido está se organizando para as eleições. Os partidos, quando se organizam para uma eleição, normalmente precisam de cargos e posições definidas. Em nenhum momento alguém chegou com a faca no meu pescoço e disse ‘faça isso ou aquilo’”, contemporizou o prefeito.

Saída cordial

Durante entrevista coletiva convocada para anunciar as quatro exonerações, Fuad Noman e Marcelo Aro adotaram tom amistoso e trocaram elogios. Aro afirmou que seu grupo se sente “desconfortável” em permanecer na prefeitura ante cenário de indefinição sobre a posição que vão tomar na disputa eleitoral que se avizinha.

Um dos principais interlocutores políticos do governador Romeu Zema (Novo), ele admitiu estar em campo político diferente de Fuad.

“Estou de um lado que é do governador Romeu Zema e do Mateus Simões (vice-governador). Esse é meu campo político - e diverge, muitas vezes, de um campo político que, às vezes, Fuad tem de estar neste momento. Essa divergência que, acredito eu, virá à tona em 2026, inviabiliza estarmos tão próximos como estávamos”, apontou.

No ano retrasado, o partido de Fuad apresentou a candidatura de Alexandre Kalil ao governo, em disputa contra Zema. Agora, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, uma das principais lideranças do PSD mineiro, ganhou protagonismo nas conversas sobre a renegociação da dívida bilionária do estado junto à União.

Busca por substitutos

Ao anunciar a saída do quarteto ligado a Aro, Fuad brincou com situação recentemente vivida pelo Atlético, que precisou procurar um novo técnico após a saída de Luiz Felipe Scolari - o clube optou pelo argentino Gabriel Milito. Ao menos um dos herdeiros das quatro vagas abertas já está definido: será o ex-deputado estadual Anselmo José Domingos, que ocupará o posto de Castellar Guimarães Neto na secretaria de Governo.

Há, ainda, a possibilidade pela escolha do ex-deputado Célio Moreira para a Secretaria de Meio Ambiente.

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Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.