O ainda senador Flávio Dino (PSB-MA) se despediu da política nesta terça-feira (20) para retornar à trajetória jurídica na quinta-feira (22), quando herdará oficialmente a cadeira de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF).
Após um discurso longo, Dino foi aplaudido de pé por senadores aliados a ele e recebeu cumprimentos do presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), após deixar a tribuna.
Durante pouco mais de vinte minutos, Flávio Dino se declarou apaixonado pela política e a admitiu como sua profissão de fé, apesar da migração para o STF. Ele também prometeu que atuará com respeito à harmonia entre os três poderes — em indireta às disputas recentes entre o Congresso Nacional e a Suprema Corte.
“Esperem de mim a mais absoluta deferência aos poderes políticos. Essa deferência se manifestando, inclusive e sobretudo, pela capacidade de ouvir, de manter um bom diálogo institucional para que possamos encontrar um modo pelo qual a harmonia dos poderes se concretizem. Esperem de mim imparcialidade e isenção”, afirmou. Dino, em seguida, ainda adiantou que adotará um perfil mais quieto no STF. “Nunca esperem de mim prevaricação. Nunca esperem de mim não cumprir meus deveres legais. Sempre terei a capacidade de compreender o outro, com a lembrança de que um bom juiz fala muito pouco e ouve muito”, acrescentou.
Flávio Dino também disparou indiretas a colegas parlamentares ao criticar aqueles que se submetem 'à lógica dos algoritmos’.
“Precisamos de uma política forte, com políticos credenciados para exercer uma liderança que o Brasil exige. Precisamos retomar a ideia dos deveres patrióticos e não podemos sucumbir à espetacularização da política. O bom líder político jamais pode ser mero artefato midiático submetido à lógica dos algoritmos, ele precisa ter causas. Precisamos ter causas para ter identidade”, afirmou.
O senador ainda brincou que, após os 19 anos no Supremo Tribunal Federal — até a aposentadoria compulsória aos 75 anos na Corte —, deseja voltar à política. “Quem sabe após a aposentadoria, se Deus me der vida e saúde, eu possa estar aqui outra vez”, disse. Nesta quarta-feira (21), Dino entrega carta de renúncia ao Senado; na quinta-feira, ele toma posse no STF.
Elogios a Rodrigo Pacheco. Flávio Dino dedicou elogios ao presidente do Congresso Nacional no encerramento de seu discurso. “O senhor é orgulho do seu Estado, um político fundamental para o Brasil”, disse.
Crítica à ONU. Em meio à crise diplomática entre Brasil e Israel, Dino criticou as Nações Unidas no discurso derradeiro, nesta terça-feira. O futuro ministro do STF citou que a Organização das Nações Unidas (ONU) está em crise pela “baixa eficácia no enfrentamento das conjunturas que levam à multiplicação de tragédias humanitárias e conflitos éticos”.
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