O presidente do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) em Minas Gerais, Cacau Pereira, foi retirado à força das galerias do plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) nesta segunda-feira (24). O caso aconteceu durante a sessão que terminou com a aprovação, em segundo turno, de projeto que proíbe o uso de linguagem neutra nas escolas da capital mineira.
Um vídeo obtido pela Itatiaia mostra Cacau sendo levado nos braços por dois seguranças da Câmara. Um deles, inclusive, aperta o punho do dirigente. Para se manter firme, o pessolista teve de se apoiar nos ombros de um dos homens engravatados.
À reportagem, o presidente do diretório mineiro do Psol afirmou que o episódio aconteceu após seguranças tentarem cumprir a ordem de retirar, das galerias, uma manifestante que teria se exaltado ao protestar contra o veto à linguagem neutra. Cacau e outros militantes à esquerda defendiam que a senhora deveria ser retirada por uma segurança mulher — e não por oficiais homens.
“Outros companheiros e eu intervimos no sentido de (dizer) que não podiam ter essa atitude. Eles, de maneira completamente desproporcional, nos retiraram da sala à força, com dois ou três seguranças. Tomei um ‘mata-leão’ e estou com um inchaço no braço em função disso”, disse.
Segundo Cacau, outro componente do Psol também acabou retirado à força. O dirigente prometeu abrir um boletim de ocorrência por agressão.
A Itatiaia procurou a Câmara de BH a fim de obter posicionamento sobre a confusão. Se houver resposta, este texto será atualizado.
Sessão tem acusação de racismo
Cacau, que é advogado, garantiu que a mulher citada no caso não é a mesma acusada de injúria racial pelo vereador Marcos Crispim ( PP), também durante a reunião desta segunda. O parlamentar também acionou policiais em busca de formalizar uma queixa.
Crispim teria sido vítima de racismo por meio de gestos. A mulher acusada foi expulsa das arquibancadas do plenário e levada a uma delegacia.
‘Todes’, ‘menines’ e ‘elu’
O texto aprovado mais cedo pelos vereadores de BH foi construído por Nikolas Ferreira (PL), agora deputado federal. A proposta, agora, vai ser analisada pelo prefeito Fuad Noman (PSD), que pode sancionar ou vetar o conteúdo.
A ideia é proibir o uso de pronomes e substantivos neutros, como o “todes” (em vez de todos) , “menines” ( e não meninas) e “elu” (em lugar de eles ou elas). e “alunxs” (em lugar de alunos).
Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a considerar inconstitucional uma lei sobre a linguagem neutra editada pelo governo de Rondônia.