O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, negou na noite desta quinta-feira (20) o pedido de revogação da prisão preventiva de Anderson Torres. O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal está preso desde janeiro. Ele é investigado por suposta omissão em relação aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro que terminaram com a invasão dos prédios dos Três Poderes em Brasília.
A defesa de Torres, que também foi ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, alegou que a prisão não era mais necessária em razão do avanço das investigações. Além disso, os advogados argumentaram que, como não é mais ocupante de cargos públicos, ele não teria condição de interferir no inquérito.
Alexandre de Moraes, no entanto, não concordou com a argumentação. Ele apontou que a prisão de Anderson Torres precisa ser mantida porque há “fortes indícios”, em depoimentos de testemunhas e documentos, de que o ex-secretário participou da elaboração da “minuta do golpe” encontrada na casa dele.
Moraes também afirmou que há indícios da participação de Anderson Torres no que o ministro do STF classificou como “operação golpista da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.” A operação da PRF, à época subordinada a Torres no Ministério da Justiça, dificultou a locomoção de eleitores nos estados da região Nordeste.
“Não bastasse isso, o requerente ANDERSON GUSTAVO TORRES suprimiu das investigações a possibilidade de acesso ao seu telefone celular, consequentemente, das trocas de mensagens realizadas no dia dos atos golpistas e nos períodos anterior e posterior; e às suas mensagens eletrônicas”, escreveu Alexandre de Moraes.
“Somente – mais de 100 dias após a ocorrência dos atos golpistas e com total possibilidade de supressão das informações ali existentes – autorizou acesso às suas senhas pessoais de acesso à nuvem de seu e-mail pessoal”, acrescentou o ministro do STF.