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Preta Gil: últimos minutos e detalhes inéditos revelados por médica que estava na ambulância

Roberta Saretta foi até aos Estados Unidos (EUA) trazer Preta Gil de volta ao Brasil; cantora passou mal em aeroporto e não resistiu

Preta Gil morreu aos 50 anos em 20 de julho

A médica Roberta Saretta revelou como foram os últimos minutos de Preta Gil, que faria 51 anos nesta sexta-feira (8). A profissional, que é amiga da família Gil, viajaria com a cantora numa UTI aérea dos Estados Unidos (EUA) até o Brasil. Porém, a artista morreu antes de embarcar na aeronave.

Em entrevista ao O Globo, Roberta relembra: “Quando a ambulância chegou para levá-la ao aeroporto e os paramédicos mediram as taxas, ela estava estável, com índices normais, pressão, eletro, tudo. Ela queria, com todas as forças, chegar no Brasil.”

“Durante o trajeto de uma hora e 20 minutos de viagem até o avião, fiquei de frente para ela, repetindo que a levaria para casa. Ela foi acordada o tempo todo”, acrescenta.

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No entanto, assim que chegaram ao aeroporto, Preta vomitou e começou a passar mal, ocasião em que a médica tentou tranquilizá-la. “Estamos quase lá", afirmou.

Em seguida, Roberta questiona se ela daria conta de viajar, e a resposta foi negativa. “Não dou conta”, destacou a cantora.

“Pedi para o paramédico nos levar ao hospital mais próximo. Chegamos em oito minutos. Quiseram reanimá-la, poucos minutos depois ela se foi”, recorda Saretta.

Progressão do câncer

Roberta Saretta conta que, pouco antes de Preta Gil completar 50 anos, ela faria um PET-Scan. Por conta da data, a cantora pediu que o exame fosse adiado.

“Ela era extremamente sensível, hoje vejo que talvez ali estivesse sentindo que algo poderia estar errado”, comentou a médica. Após o exame ser feito, Preta descobriu que a doença acometeu os linfonodos da região pélvica. Em dezembro de 2024, ela passou por uma cirurgia de mais de 20 horas.

Em março de 2025, Preta recebeu outra notícia, que estava com câncer em terminalidade. “O exame mostrou que a doença tinha se espalhado por outros órgãos, como fígado e pulmões. Fui na capela do Sírio pedir forças. Quando entrei para falar com ela, o quarto estava cheio de amigos, como sempre”, disse.

Segundo ela, pela primeira vez ela quis conversar com os médicos a sós. “Senti uma faca no meu peito. Ao saber, ela me perguntou: ‘Se eu não fizer nada quanto tempo tenho de vida?’. Respondi: de seis a oito meses. ‘Tem alguma coisa para eu fazer? Eu vou morrer?’. Explicamos então que havia protocolos de pesquisa nos Estados Unidos com medicamentos que poderiam evitar a progressão rápida.”

Detalhes do tratamento nos EUA

Por conta disso, Preta Gil foi aconselhada a buscar tratamento nos EUA. “Ela queria sobreviver por muito mais tempo. É diferente. Ela queria viver mais 15 anos. Só entende isso quem lida com morte. O cuidado paliativo não é só você ficar com sua família. É compreender o individuo”, ressalta a médica.

“A possibilidade do tratamento experimental a iluminou”, acrescentou ela, que explicou como funcionava o tratamento.

“Era uma terapia alvo, uma quimioterapia intravenosa. Ela agia contra uma mutação. Mas o câncer da Preta tinha mais de uma mutação. Depois de quatro sessões ela teve uma infecção e precisou interromper o protocolo, ficou uns dez dias sem o tratamento. Voltou, fez mais uma sessão e notaram que os rins estavam enfraquecidos, a doença havia progredido. Ela teve de parar”, diz a médica.

“Recebi a notícia numa quinta-feira, cheguei com a Flora na casa em que ela estava em Nova York no sábado de manhã. Quando me aproximei, ela arregalou os olhos grandes e lindos e eu falei: ‘vamos para casa’. Programamos a volta para o dia seguinte. Eu voltaria com ela em um avião UTI do aeroporto de Long Island, Flora com os familiares e amigos em um voo comercial, do aeroporto JFK”, seguiu.

Segundo a médica, após a morte da cantora e enquanto aguardavam a liberação do corpo, eles fizeram tudo que ela amava fazer, como comer hambúrguer e tomar refrigerante. “Fomos no último restaurante que ela foi com a Flora em Nova York, que ela gostava, o Balthazar. Comemos o prato que ela amava, um macarrão com lagosta e uma taça de champanhe. Ela tinha ido a esse restaurante com a Flora quinze dias antes da morte”, relembra a médica.

Conforme Saretta, Preta viveu “intensamente cada segundo até o fim”, o que, segundo ela, é “muito difícil” quando se vive a terminalidade. “Ela teve até o último minuto da vida. Preta lutou pela vida com muito amor até os últimos minutos antes de morrer”, encerrou.

Morte de Preta Gil

Preta Gil morreu no dia 20 de julho, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, vítima de câncer colorretal. A cantora foi diagnosticada com a doença pela primeira vez em janeiro de 2023, chegou a entrar em remissão, mas ela voltou mais agressiva e com metástase em 2024.

Em busca de tratamentos alternativos, Preta se mudou para os EUA, onde acabou vindo a óbito prestes a voltar ao Brasil. O corpo dela chegou ao país no dia 24 e foi velado e cremado no dia 25.

Vale lembrar que o velório de Preta Gil foi realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A despedida iniciou às 9h e encerrou próximo das 14h. Dentre os amigos que compareceram estavam Carolina Dieckmann, Ivete Sangalo, Regina Casé e Jude Paulla. Antes mesmo de iniciar, fãs formaram um fila quilométrica para dar adeus à cantora. A cerimônia de cremação foi restrita a amigos e familiares.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.