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Alexandre Simões | Que o 6 de agosto seja o marco de um novo tempo para o Atlético

Galo venceu Flamengo nos pênaltis nessa quarta-feira (6), na Arena MRV, e se classificou às quartas de final da Copa do Brasil

A noite de 6 de agosto de 2025 marcou a volta de uma relação que jamais será desfeita, a do atleticano com o Atlético. Pode parecer estranha, e num julgamento mais rigoroso ser tratada até como mentira essa minha colocação. Mas na prática, quem vive o mundo das redes sociais sabe bem que num passado muito recente esse “casamento” sofreu um forte abalo. Não que as partes deixassem de se gostar, muito pelo contrário, e o que a Massa fez na última quarta-feira (6) em sua casa é uma grande prova de amor.

Mas o clube e o torcedor passaram por um processo em que aquela “vizinha fofoqueira”, que se alimenta dos circos que pegam fogo, tentou plantar a discórdia no melhor estilo de quem faz tempestade em copo d’água.

Cada vez mais a DR tem e deve fazer parte da relação torcedor/clube. Isso é saudável, principalmente nesses tempos em que o futebol brasileiro tenta trilhar novos caminhos, seja com diretorias de associações que buscam a responsabilidade administrativa ou pela adoção do regime da SAF, uma novidade ainda não totalmente desvendada pelos torcedores, fruto de uma falta de informação que abrange todas as esferas do processo e da ausência no texto da lei de algo fundamental, que é o fair play financeiro.

O que não pode mais afetar a relação torcedor/clube nesse momento é a cartolagem, ou a vizinha fofoqueira. Ela perde espaço cada vez mais, em Minas Gerais mesmo está separada do futebol, mas esse divórcio não foi em comum acordo, pois tem muito cartola que faz dele um processo litigioso, pois a separação, principalmente do cartão corporativo do clube, tem sido difícil de enfrentar.

O presente e o futuro do Atlético devem ser acompanhados pelo torcedor e por todo mundo que vive o clube, e nesse balaio entra a imprensa, seja ela tradicional ou alternativa. Isso é saudável. O que não é, são as tentativas de lucrar com as instabilidades fazendo delas algo maior do que realmente são.

Em 2008, como repórter da Revista Placar, vivi o processo de renúncia de Ziza Valadares. Sem entrar no mérito da atuação dele como presidente do Atlético, um fator decisivo para que ele deixasse o cargo foi um conjunto de ameaças que sua família recebia, de forma cruel, do outro lado da calçada de casa, quando chegavam ou saiam, com torcedores fazendo gestos violentos. Quase duas décadas depois, se percebe algo parecido.

Torcedores “profissionais” agindo para atender a interesses. Entrando na onda do “quanto pior, melhor”, que virou quase uma marca dos últimos meses no Galo. O que veio após a notícia, real e importante, da ação judicial de Rony, que foi retirada horas depois, muito pela inconsistência do pedido, foi a prova definitiva de que surfar em alguma instabilidade do Atlético é algo que parte significativa de quem produz o que é consumido pelo atleticano aposta também nesse “quanto pior, melhor”.

Colocar no mesmo balaio, muitas vezes confundindo os torcedores, notificações extrajudiciais de alguns atletas, que foram enviadas ao clube dias, semanas ou meses antes, com a ação judicial do Rony, sem explicar bem as duas coisas, não foi uma coincidência que atingiu vários canais de informação.

Assim como não parece coincidência as notícias de ações extrajudiciais de alguns jogadores que nunca existiram, com eles tendo de ir às redes sociais desmentir até mesmo veículos da mídia tradicional.

O torcedor não pode ser alienado sobre o presente, o futuro, e principalmente sobre o passado do Atlético. A cobrança sobre os erros é justa e precisa existir, em qualquer cenário. Mas tenho percebido nos últimos meses algo que ultrapassa o limite do racional.

E falo de racionalidade, porque as finanças parecem importar apenas nos momentos de instabilidade recentes do time de futebol. Só como exemplo, a investigação do Ministério Público sobre o que aconteceu no clube num passado recente, com valores milionários pagos a empresas de dirigentes e uso pessoal do cartão corporativo, por exemplo, não parecem importar para o torcedor, embora tenham relação direta com o buraco financeiro em que o clube se meteu.

Que a partir deste 7 de agosto de 2025 o Atlético possa seguir sua temporada com a justa e necessária cobrança de quem o ama e consome, mas dentro da racionalidade e sem a marca da seletividade, pois não tenho dúvida de que há um passado que precisa ser desvendado para que se possa avaliar o presente e projetar o futuro.

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Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro