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Inter prevê corte da Selic em janeiro de 2026, mas alerta para risco fiscal

Especialistas do banco Inter destacam que o comunicado do Copom manteve o tom duro, mas ainda esperam corte na Selic no início do ano

Banco espe

O banco Inter prevê que o ciclo de corte na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano, deve começar somente na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de janeiro. Porém, a instituição alerta que ainda há riscos que podem adiar a decisão dos diretores do Banco Central, como o risco de expansão de gastos por parte do governo federal e o aquecimento da demanda de consumo com a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR).

Na noite dessa quarta-feira (6), a autoridade monetária comunicou que vai manter a Selic no patamar atual, mas não deu sinais de quando pode começar a cortar a taxa de referência. O Copom adotou um tom cauteloso, ressaltando que a inflação segue acima da meta de 3% (com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual), prevendo uma acomodação no segundo trimestre de 2027.

Segundo a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, o comunicado veio em linha com o esperado com o mercado. Ela ressalta que houve pouca mudança em relação ao comunicado de setembro, destacando a parte em que o BC indica a manutenção da taxa atual por período bastante prolongado.

“De novidade, a projeção de inflação do BC para o prazo relevante da política monetária já está em 3,3%, bem próxima do centro da meta. Com a manutenção do atual cenário de câmbio favorável e desaceleração da atividade, a queda da inflação deve seguir consistente, ainda que lenta, observada tanto em bens como serviços”, disse.

A especialista destacou ainda as novas revisões de baixa das expectativas de inflação, incluindo para o longo prazo. O BC espera que o índice de preços fique pouco acima do teto da meta em 2025, a 4,6%; para 2026, o banco estima que o indicador chegue em 3,6%.

“Projetamos que o início dos cortes na Selic deve ocorrer a partir de janeiro de 2026. O risco permanece sendo o impacto da expansão fiscal para o próximo ano, principalmente o reaquecimento da demanda doméstica com o aumento da isenção de IR a partir de janeiro, além de novas iniciativas de gastos fiscais devido ao ano eleitoral”, destacou Rafaela Vitoria.

Chance de corte pode ser esvaziado

Para o gestor de renda fixa do Inter Asset, Ian Lima, o comunicado do Copom pode esvaziar as chances de corte no primeiro trimestre de 2026, ainda que essa probabilidade seja dominante, aumentando as chances de início do ciclo de cortes no segundo trimestre.

“BC já entende que o patamar de 15 % de Selic é adequado para a convergência da inflação para a meta de 3%, o que deixou irrelevante a ameaça no texto de retomar o ciclo case julgue apropriado, dado que a desaceleração da atividade e a inflação recente já confirma a transmissão do canal de política monetária”, explicou.

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Em relação aos investimentos, ele destaca que a decisão deve favorecer juros intermediários e longos devem apresentar desempenho mais positivo, enquanto as Notas do Tesouro Nacional de série B (NTNBs) com vencimentos até 2027 devem apresentar rendimentos negativos com a queda nas inflações implícitas. “Nossa moeda, o Real, por uma expectativa de diferencial de juros ainda elevado por mais tempo deve ter desempenho positivo também”, explicou.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.