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Índia mantém importações de petróleo russo mesmo após ameaças tarifárias de Trump

A Rússia é a principal fornecedora de petróleo da Índia, sendo responsável por cerca de 35% do total importado pelo país

Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Apesar das ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Índia continuará comprando petróleo russo, segundo informação divulgada neste sábado (2) pelo jornal The New York Times.

De acordo com a publicação, dois funcionários do alto escalão do governo indiano afirmaram que o discurso de Trump não surtiu efeito e que não houve nova orientação às companhias petrolíferas para reduzir as importações da Rússia.

Na sexta-feira (1º), em coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Randhir Jaiswal, evitou responder diretamente a perguntas sobre o republicano, mas sugeriu que não haverá mudanças na relação do país com a Rússia. “Nossas relações bilaterais com diversos países se baseiam em seus próprios méritos e não devem ser vistas pela ótica de um terceiro país”, disse Jaiswal.

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A decisão de suspender a compra de petróleo russo não é simples para o governo indiano. O país depende de importações para cerca de 90% de suas necessidades energéticas, apesar de ter diversificado suas fontes.

No último mês, Trump indicou, em uma publicação nas redes sociais, que a Índia seria alvo de penalidades adicionais por comprar armas e petróleo da Rússia. Na sexta-feira (1º), o presidente afirmou à imprensa local que tinha “ouvido falar” que o governo indiano iria acatar a recomendação e parar de comprar petróleo do país de Vladimir Putin.

A ameaça de Donald Trump, no entanto, não foi direcionada especificamente à Índia. O presidente dos EUA afirmou que imporia tarifas de 100% aos países que continuassem comprando petróleo russo, a menos que Moscou chegasse a um acordo de paz com a Ucrânia.

A Rússia é a principal fornecedora de petróleo da Índia, sendo responsável por cerca de 35% do total importado pelo país.

Durante o primeiro semestre de 2025, a Rússia permaneceu como principal fornecedora de petróleo ao governo indiano.

Segundo dados fornecidos à agência Reuters, a Índia recebeu cerca de 1,75 milhão de barris por dia de petróleo da Rússia entre janeiro e junho, um aumento de 1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

BRICS ‘ameaçam’ e são ‘ameaçados’

A Índia e a Rússia integram os BRICS — grupo formado por “economias em desenvolvimento” — ao lado de países como Brasil, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

Após a última cúpula dos BRICS, realizada no Rio de Janeiro no início de julho, o grupo voltou a ser alvo de críticas de Trump, que afirmou que o bloco representa uma ameaça direta aos interesses dos Estados Unidos, principalmente por tentar reduzir a dependência do dólar no comércio internacional.

Desde então, Trump tem feito inúmeras ameaças aos BRICS e a países que buscam se aproximar do grupo.

Na última quinta-feira (31), durante entrevista à mídia estatal russa, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os BRICS “não respondem a ameaças” e que o grupo não direciona suas atividades contra nenhum país. Segundo ele, o objetivo do bloco é promover a cooperação econômica entre os países integrantes.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.