Vereador de BH acusado de ‘forasteiro’ rebate críticas após investigação da PF

Na terça-feira, parlamentares da Câmara acusaram o vereador Lucas Ganem, natural de SP e investigado pela PF por fraude eleitoral, de não exercer o mandato em BH

Lucas Ganem (Podemos), vereador de Belo Horizonte.

O vereador de Belo Horizonte Lucas Ganem (Podemos) pediu que os colegas da Câmara Municipal (CMBH) deixem “a Polícia Federal [PF] fazer o trabalho” de investigação no inquérito em que ele é alvo por suspeita de fraude eleitoral nas eleições de 2024.

Na última terça-feira (11), quatro parlamentares usaram o tempo de discussão no plenário para cobrar uma postura do presidente da Casa, vereador Juliano Lopes (Podemos), diante de condutas consideradas impróprias por parte de Ganem.

Nesta quarta-feira (12), o parlamentar classificou a atitude dos colegas como “covarde”, alegando que não estava presente na Câmara para se defender. “Quando vocês quiserem citar alguém, primeiro façam isso olhando nos meus olhos”, rebateu.

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Na ocasião, os vereadores Osvaldo Lopes (Republicanos), Flávia Borja (DC), Wagner Ferreira (PV) e Wanderley Porto (PRD) acusaram Ganem de usar Belo Horizonte como “step eleitoral” para um grupo político. O parlamentar, que é natural de São Paulo, tem parentes atuando na Câmara Federal, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e também na Câmara Municipal de Sorocaba.

O grupo ainda questionou a efetividade do mandato de Ganem, alegando que ele não participa de forma ativa das reuniões e sessões da CMBH.

Parlamentares rebatem críticas

Em resposta, os vereadores críticos a Ganem voltaram a denunciar a ausência do parlamentar na Câmara. “Não falei olhando nos seus olhos porque o senhor não estava presente — como na maioria das sessões, o senhor não se faz presente”, afirmou Wanderley Porto.

O vereador também voltou a acusar Ganem de não residir em Belo Horizonte, apesar de ter sido eleito na cidade. “A pessoa que mora na casa em que o senhor diz morar disse à PF que o senhor nunca morou lá. Prove! Mostre uma foto sua em BH, morando aqui, antes das eleições”, desafiou.

Outra acusação feita contra Ganem é a de que ele teria usado pautas como a causa animal, a segurança pública e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) para se promover e se eleger. O grupo ainda alega que a família Ganem estaria planejando “expandir” sua atuação política em Minas Gerais por meio de Thiago Ganem — que, na verdade, se chama Thiago Milhim, ex-secretário municipal de Esportes e Lazer de São Paulo.

Segundo os parlamentares, ele estaria se preparando para disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa (ALMG) em 2026. “Por que o senhor não se elegeu em São Paulo, na sua capital? Por que aqui seria mais fácil? Enganar mineiro, belo-horizontino é mais fácil? Se a PF indiciá-lo, todo dia virei a este microfone até que seja aberto algum tipo de processo e a Casa avalie”, declarou Wanderley Porto.

A vereadora Dra. Michelly Siqueira (PRD) também usou o tempo na Casa para cobrar um posicionamento da Mesa Diretora diante das ações de Ganem, levantando possível quebra de decoro parlamentar.

Quem é Lucas Ganem

Ganem foi eleito em 2024 para o primeiro mandato como vereador, com a bandeira da causa animal, obtendo 10.753 votos na capital mineira. O parlamentar paulista vem de uma família tradicional na política de São Paulo — é primo do deputado federal Bruno Ganem (Podemos-SP), filho da deputada estadual Clarice Ganem (Podemos-SP) e cunhado da vereadora da capital paulista Simone Ganem (Podemos-SP).

Os vereadores pedem que a presidência da Câmara tome providências e abra um processo de cassação contra o parlamentar.

No início deste ano, Ganem passou a ser alvo de investigação da Polícia Federal por suspeita de fraude eleitoral. De acordo com as apurações, o vereador transferiu o domicílio eleitoral para Belo Horizonte no início de 2024, com o objetivo de disputar o pleito municipal, informando um endereço onde nunca teria morado.

Ainda segundo relatório da PF, em 2024, Lucas renovou a carteira de habilitação em São Paulo. No mesmo período, ele atuava como gerente de uma empresa de planos de saúde voltada a servidores públicos, no Paraná.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.

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