A cantora Sia, de sucessos como Chandelier e Unstoppable, revelou ter sido diagnosticada com autismo. A artista de 47 anos foi diagnosticada há pelo menos dois anos e, durante participação no programa “Rob Has a Podcast”, falou sobre a descoberta de estar no espectro autista.
“Eu estou no espectro autista, e estou em recuperação [de problemas com a bebida]. Por 45 anos, eu pensei: ‘Tenho que colocar meu traje humano’ e, somente nos últimos dois anos eu me tornei totalmente, totalmente eu mesma”, afirmou a cantora.
Sia também destacou a sobriedade e afirmou que, depois do diagnóstico, aprendeu a se aceitar de forma incondicional. “Ninguém pode conhecer e amar você enquanto estiver cheio de segredos e vivendo com vergonha”, acrescentou a artista.
Polêmica envolvendo a comunidade autista
Há dois anos, Sia lançou o filme Music e se envolveu em uma polêmica por escolher a dançarina Maddie Ziegler para viver uma personagem no espectro autista. Maddie, conhecida pela participação nos videoclipes da cantora, não é autista.
A decisão de escalar a dançarina para o papel gerou polêmica entre a comunidade neurodivergente. A representação de uma autista não verbal, ou seja, que não se expressa por meio da fala, foi definida como “exagerada e estereotipada”. À época, quando ainda não tinha revelado o próprio diagnóstico, Sia defendeu a interpretação e desativou a conta nas redes sociais após as críticas.
O que é o espectro autista?
A especialista em neuropsicologia e mestre em Ciências da Saúde, Mariana Fonseca Cotta, aponta que o autismo passou a ser chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA) a partir do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição. O DSM-5 define o autismo como um transtorno do neurodesenvolvimento que dificulta interação social e comunicação, além de causar comportamentos repetitivos e restritos.
“O termo ‘espectro’ foi inserido no transtorno autista porque existe uma diversidade de sintomas e intensidade deles. Cada pessoa tem o seu próprio conjunto, de como manifestar determinados sintomas. Uns têm isso em maior intensidade, ou menor. Algumas características uma pessoa desenvolve, a outra não”, explicou a neuropsicóloga.
Sobre o diagnóstico tardio, a especialista explica que é comum e pode auxiliar o autoconhecimento, assim como destacado por Sia. “Muitos pais se descobrem a partir do diagnóstico do filho. Muitos adultos são diagnosticados com transtorno de ansiedade, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o que pode ser autismo nível 1", detalhou.
“Quando ele tem esse diagnóstico, ele começa a se perceber em diversos contextos. Entender porque ele reage dessa forma, porque as situações acontecem de uma ou outra maneira. Os adultos se beneficiam bastante do diagnóstico, porque ele melhora o autoconhecimento”, completou a mestre em Ciências da Saúde.