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Uberização: STF conclui primeiro dia de julgamento sobre vínculo entre motoristas e aplicativos

Primeira sessão teve leitura de relatórios, falas das defesas e manifestações de entidades

STF discute ação sobre uberização

O Supremo Tribunal Federal concluiu nesta quarta-feira (1°) o julgamento que discute o reconhecimento de vínculo trabalhista entre motoristas, entregadores e plataformas digitais, que ficou conhecida como “uberização”.

A Corte analisa dois processos: uma ação da Rappi Brasil, que questiona decisões da Justiça do Trabalho que reconheceram vínculo com um entregador.

O segundo é um recurso da Uber Brasil, contra decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que entendeu haver relação de emprego com um motorista. Segundo a plataforma, se a interpretação do TST prevalecer poderá comprometer as operações da empresa no Brasil.

O julgamento tem repercussão geral reconhecida, ou seja, servirá de base para que juízes possam decidir da mesma forma em processos semelhantes por todo o país. Há cerca de 10 mil casos desse tipo tramitando no Judiciário brasileiro.

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A sessão desta quarta-feira foi dedicada à leitura dos relatórios e às manifestações das partes e de entidades admitidas como amicus curiae.

O julgamento será retomado nesta quinta-feira (2) com a conclusão das manifestações das entidades. Após isso, deve ser suspenso. Ainda não há data definida para o início da análise de mérito pelos ministros.

Primeiro dia

O primeiro dia de julgamento dos processos foi marcado pela manifestação das defesas e pelas entidades que pediram para participar das ações.

O relator do processo da Rappi Brasil, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que o julgamento busca dar uma resposta definitiva ao tema e reduzir o excesso de processos na Justiça trabalhista.

“Que possamos, a partir dessa discussão, solucionar de uma vez por todas essas questões e, com isso, evitar centenas e centenas de reclamações sobre o mesmo assunto”, declarou Moraes.

As defesas das plataformas sustentaram que não existe vínculo empregatício, pois as empresas seriam apenas intermediadoras entre prestadores de serviços e consumidores.

“Plataforma digital não vende, não comercializa e não transporta ninguém. Ela faz exclusivamente a união de quem quer vender um bem ou serviço com quem deseja comprar”, afirmou Márcio Vital, advogado da Rappi.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.