O alcance do tarifaço de
“Ficou muito melhor do que a gente esperava, já que a tarifa inicialmente seria aplicada a todos os produtos e já a partir de amanhã (dia 1º). Agora temos mais tempo para tentar nos organizar, e já há uma lista relevante com 50% do que exportamos aos Estados Unidos submetido a uma tarifa inicial menor. As alíquotas sobem de 0 para 10%, mas não são aqueles temidos 50% que o presidente Trump ameaçou em um primeiro momento”, avaliou Paulo. O economista destacou ainda que o recuo de Donald Trump ocorre muito mais por pressões internas do que em razão da atuação do governo brasileiro.
“O governo brasileiro começou a se movimentar tardiamente. Enviou uma comitiva apenas nesta semana aos Estados Unidos. Então, esse tempo a mais (de uma semana) pode ser positivo para novas negociações. E essa reversão inicial sobre alguns produtos — o que conseguimos perceber em uma leitura preliminar — ocorreu muito mais por pressões internas de empresários e até de parte do governo americano, diante dos impactos que isso traria à economia interna, como inflação e outros efeitos, do que por iniciativa do governo brasileiro”, analisou.
Alerta
O economista afirmou que uma possível retaliação por parte do governo brasileiro, como o uso da Lei da Reciprocidade, seria um erro estratégico.
“Neste momento, acho que o pior movimento que o governo brasileiro pode fazer é retaliar. O governo Trump costuma buscar vitórias em todos os pequenos embates. Então, o que foi anunciado ontem (quarta-feira) é, de certo modo, uma pequena vitória para ele. Mas a semente das dificuldades atuais na interlocução com o governo americano foi plantada ainda nas eleições, quando o presidente Lula optou, abertamente, por apoiar a opositora de Trump, que acabou sendo eleito. E, em um segundo momento, após a posse de Trump, o governo brasileiro se afastou”, comentou.
Desafio
Embora o país possa encontrar novos compradores para parte dos produtos taxados em 50%, escoar a totalidade da produção em curto prazo é um desafio significativo. Setores específicos já sentem os impactos de forma severa. O setor de calçados no Sul do país, por exemplo, que possui fábricas voltadas exclusivamente para a exportação aos Estados Unidos, já registra demissões e concessões de férias coletivas. A capacidade de redirecionar essa produção em pouco tempo é considerada limitada.