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STF considera ‘injusta’ a aplicação da Lei Magnitsky à esposa de Moraes

Corte critica aplicação da sanção a Viviane Moraes e diz que punição foi baseada em “narrativas falsas” sobre julgamento de Bolsonaro

Alexandre de Moraes e sua esposa

O Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou nesta segunda-feira (22) que é “injusta” a decisão do governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, de estender sanções da Lei Magnitsky à advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes.

Em nota, a Corte afirmou que a medida “não tem fundamento” e lamentou a punição. Moraes já havia sido incluído na lista de sancionados em julho.

“O Supremo Tribunal Federal lamenta e considera injusta a aplicação de sanções à esposa do Ministro Alexandre de Moraes”, afirmou em nota a Corte.

O comunicado afirma ainda que autoridades americanas foram convencidas por “narrativas falsas” sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus acusados de tentativa de golpe após as eleições de 2022.

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“Infelizmente, as autoridades norte-americanas foram convencidas de uma narrativa que não correponde aos fatos: estamos diante de um julgamento que respeitou o devido processo legal e o amplo direito de defesa, com total publicidade”, complementou a corte.

O tribunal concluiu dizendo que a ampliação da punição para familiares de magistrados é ainda mais grave.

“Se já havia injustiça na sanção a um juiz pela sua atuação independente e dentro das leis e da Constituição, ainda mais injusta é ampliação das medidas para um familiar do magistrado”, finalizou o STF.

Entenda as sanções

As novas medidas foram anunciadas após a condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, já havia antecipado que os EUA adotariam novas represálias contra o Brasil.

Criada em 2012, durante o governo Barack Obama, a Lei Magnitsky foi inicialmente voltada para punir autoridades russas envolvidas em violações de direitos humanos. Em 2017, seu alcance foi ampliado para atingir autoridades estrangeiras acusadas de corrupção, tortura e crimes em larga escala.

A legislação permite o congelamento de bens nos EUA e a proibição de entrada no país de pessoas envolvidas em práticas ilícitas. Atualmente, mais de 650 pessoas em todo o mundo estão na lista de sancionados.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.