Prefeito de Sabará diz que cidade ‘precisa resolver’ transporte municipal em 2026

O relatório final da CPI, instalada na Câmara Municipal, apontou irregularidades na prestação do serviço e no contrato firmado entre a empresa responsável e a prefeitura

Sargento Rodolfo, prefeito eleito de Sabará.

A decisão final da prefeitura de Sabará sobre os desdobramentos do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), aberta na Câmara Municipal para investigar a qualidade do transporte público e o contrato de ônibus vigente na cidade, ficará para 2026, segundo o prefeito Sargento Rodolfo (Republicanos).

Em entrevista à Itatiaia, o prefeito afirmou que o município “precisa resolver os problemas” apontados pelos vereadores para poder avançar com a pauta da mobilidade urbana. “Estamos fazendo toda a análise e vamos notificar a empresa com base nas conclusões da CPI. É um tema muito polêmico, mas fomos eleitos para isso”, disse Rodolfo.

O pedido de abertura da investigação partiu do próprio prefeito, que alegou inconsistências no contrato mantido há décadas com a viação Nossa Senhora da Conceição (Vinscol).

Transporte municipal

Neste ano, a Vinscol, empresa responsável pelo serviço em Sabará, anunciou a redução no número de viagens ofertadas, medida que foi recebida “com espanto” pelo prefeito.

Após a repercussão negativa, inclusive dos próprios usuários, a Vinscol voltou atrás, mas, em comunicado, alegou problemas financeiros, citando “defasagem da tarifa” e “aumentos excessivos nos insumos do transporte”.

No dia seguinte, o prefeito compareceu à Câmara Municipal para pedir a abertura da CPI e afirmou, nas redes sociais, que não aceitaria “ser chantageado” pela empresa.

Ao fim do trabalho da comissão, o relator, vereador Hamilton Alves (PSD), apresentou o parecer final destacando possíveis irregularidades na prestação dos serviços e recomendando a abertura de um processo administrativo que pode levar à rescisão do contrato do município com a Vinscol. “A empresa já atuava em Sabará há vinte anos e o contrato tinha sido renovado por mais vinte. Se precisarmos, legalmente, romper o contrato, tomaremos as medidas necessárias”, afirmou Rodolfo.

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A disputa entre prefeitura e empresa prestadora também afetou o transporte metropolitano que conecta Sabará a Belo Horizonte. Em meio às discussões envolvendo a CPI, foi anunciada a criação de uma nova linha metropolitana, a 4990, que liga os bairros Adelmolândia e Paciência ao Centro da capital mineira.

A Vinscol, no entanto, conseguiu na Justiça a suspensão temporária da linha, alegando conflito de rotas.

Segundo Rodolfo, esse tema também só será resolvido após a prefeitura tomar uma decisão sobre o contrato com a empresa prestadora de serviço.

“Sonho” do metrô

Ainda na pauta do transporte, o prefeito levantou o que considera o “sonho” da expansão do Metrô de Belo Horizonte para abranger também Sabará, como alternativa ao transporte rodoviário.

Embora veja o projeto como possível, ele admite que a proposta, pelo tamanho da operação, precisaria ser discutida a longo prazo. “É o sonho de todo prefeito expandir o metrô para sua cidade, mas a gente pode fazer isso virar realidade, não é utopia. Existem os bancos mundiais, né?”, afirmou.

Em 2024, a concessionária MetrôBH deu início à expansão do metrô de Belo Horizonte com as obras da Linha 2.

A previsão é que a infraestrutura necessária para levar o metrô até o Barreiro seja concluída até 2028, com 10,5 quilômetros de extensão e sete novas estações: Nova Suíça, Amazonas, Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre, Ferrugem e Barreiro.

O trajeto conectará o sistema metroviário com vias importantes da capital mineira, como o Anel Rodoviário e as avenidas Amazonas e Tereza Cristina, com expectativa de fluxo de aproximadamente 50 mil passageiros por dia.

Problemas com a Copasa

No meio do processo de privatização da Copasa, aprovado em definitivo na Assembleia Legislativa (ALMG), estão as prefeituras que possuem contratos com a estatal. Apesar de não se posicionar explicitamente a favor ou contra a desestatização, Rodolfo afirmou que o atual serviço da empresa “está deixando a desejar”, não apenas em Sabará, mas também em outros municípios. “A gente faz a obra, eles [técnicos da Copasa] vão lá e abrem, ou então não realizam a prestação de serviço adequada, deixando os buracos que eles mesmos provocam”, disse.

A mesma reclamação já foi feita pelo prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil). Em outubro deste ano, questionado sobre a privatização, Damião criticou a falta de diálogo do governo de Minas e levantou problemas observados para a renovação de contrato. “A PBH quer ser parceira, mas a pergunta é: vocês vão nos dar a lagoa que merecemos? Vão parar de cortar o asfalto e entregar um serviço de qualidade? Porque eu asfalto a rua, a Copasa faz um rasgo e deixa um calombo no asfalto, um asfalto mequetrefe”, afirmou.

Em Sabará, o prefeito declarou ter feito audiências com a Copasa no início de dezembro para cobrar esclarecimentos sobre problemas envolvendo a estatal e a cidade. “O atendimento à população muitas vezes demora porque é terceirizado. Não há equipe suficiente disponível quando necessário”, relatou.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.

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