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Câmara de Sabará deve abrir CPI para investigar empresa de ônibus municipal

A instalação da CPI foi um pedido do prefeito Sargento Rodolfo (Republicanos) que disse que não irá aceitar “chantagem” por parte da empresa

Câmara de Sabará terá CPI para investigar empresa de ônibus

A Câmara Municipal de Sabará deve instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as atividades da empresa responsável pelo transporte público no município, a Vinscol.

Na terça-feira (1º), a Vinscol anunciou que iria diminuir os horários de algumas linhas devido ao aumento nos custos operacionais e das dificuldades financeiras para manter o serviço.

Nas redes sociais, o prefeito Sargento Rodolfo (Republicanos) disse que recebeu a notícia “com espanto” e, durante uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, informou que iria pedir à Câmara que instaurasse uma investigação para apurar se o serviço prestado pela empresa está compatível com o contrato feito com o município.

A Vinscol voltou atrás e disse que os horários não seriam alterados até que a empresa e a prefeitura chegassem em uma solução.

Em 2024, a Vinscol teve o contrato de concessão renovado com o município, dando a autorização para que a empresa prestasse o serviço por mais vinte anos — o último contrato estava em vigor desde 2004.

Nas redes sociais, o prefeito disse que em reuniões com a administração da empresa, foram enviados documentos que afirmavam que a Vinscol tinha um prejuízo acumulado de mais de R$ 10 milhões.

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Nos dados apresentados, entre março de 2024 e fevereiro de 2025, os ônibus tiveram uma média de 113 mil passageiros, sendo 92 mil pagantes e 22 mil gratuitos distribuídos em uma frota de apenas 14 veículos em operação e quatro reservas.

O presidente da Câmara, vereador Bulu da Mercearia (PSB), que também participou da live, disse que em uma reunião com parlamentares, a Vinscol chegou a dizer que para o transporte público funcionar na cidade, seria necessário que a prefeitura “bancasse” um subsídio de R$ 500 mil a R$ 600 mil mensais. “A Câmara não concorda com esse valor, é muito alto. A prefeitura tem outras prioridades também além do transporte e, por isso, fica a cargo do Executivo, junto do Legislativo, unir forças”, disse na transmissão.

Sargento Rodolfo, ainda pela internet, disse que não irá aceitar a “chantagem” feita pela empresa. “Não aceito chantagem de empresa para poder colocar faca no pescoço para poder pagar subsídio. Não aceito. Podem continuar fazendo essas fake news para pegar cargo, não darei cargo para vocês”, declarou.

Em entrevista para a Itatiaia, Sargento Rodolfo voltou a dizer que a empresa tentou fazer uma “pressão” na prefeitura. “Voltaram atrás atrelando um possível diálogo com a prefeitura para que houvesse um subsídio”, afirmou.

Segundo ele, se a CPI comprovar que houve irregularidades, a prefeitura irá abrir uma nova licitação. “Aqui tem ampla concorrência, quem quiser vir prestar um ótimo serviço à comunidade será bem-vindo”.

Próximos passos

Segundo o presidente da Câmara, a Casa deve aceitar a instauração da Comissão. A votação irá acontecer na próxima terça-feira (8) e os cinco membros titulares e dois suplentes devem ser escolhidos na quinta-feira (10).

Com a abertura da CPI, a Câmara Municipal poderá convocar especialistas técnicos e a própria Vinscol para apresentar documentos e relatórios.

Se a conclusão da Comissão de Inquérito for que há uma ineficiência do serviço prestado, o município pode editar um decreto atestando a “caducidade” do contrato renovado no ano passado.

Com isso, o contrato pode ser anulado e a prefeitura poderá assumir a responsabilidade pelo transporte coletivo ou fazer uma nova concessão para outra empresa de ônibus.

A Itatiaia procurou a Vinscol, mas, até o momento, não tivemos retorno.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.