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PGR pede 43 anos de prisão para Bolsonaro e diz que ex-presidente liderou tentativa de golpe

Segundo a Procuradoria, Bolsonaro usou o cargo para atacar o sistema eleitoral, incentivar a ruptura democrática e mobilizar aliados civis e militares para impedir a posse de Lula

Ex-preisdente Jair Bolsonaro deve ser julgado em setembro, no STF

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja condenado a até 43 anos de prisão. Segundo a acusação, ele foi o líder político de um plano golpista que envolveu militares, políticos, policiais e até servidores públicos. O objetivo era impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo após a derrota nas urnas.

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A denúncia afirma que Bolsonaro atuou de forma “consciente, voluntária e decisiva” para que a tentativa de golpe fosse colocada em prática. Ele é acusado de ter usado o prestígio do cargo e a estrutura do governo para minar a confiança nas eleições e criar um ambiente favorável à ruptura democrática.

O que diz a PGR sobre o papel de Bolsonaro

De acordo com a PGR, Bolsonaro:

  • “Inspirou e liderou a articulação golpista com o objetivo de se manter ilegalmente no poder”;
  • Incentivou a ideia de que o sistema eleitoral era fraudulento, numa “campanha permanente de desinformação”;
  • Participou da elaboração e difusão de minutas golpistas, que previam a prisão de ministros do STF e a anulação do resultado das eleições;
  • Silenciou ou incentivou os acampamentos em frente aos quartéis, mesmo após alertas de risco à segurança institucional;
  • Tolerou - e em alguns momentos se beneficiou - de ações da Polícia Rodoviária Federal, que no dia do segundo turno atuou de maneira suspeita, principalmente no Nordeste;
  • Usou órgãos do governo, como a ABIN e o GSI, para alimentar falsas suspeitas de fraudes eleitorais e justificar possíveis medidas de força.

A PGR escreve que Bolsonaro era o “representante máximo da autoridade política” do grupo golpista e que sua atuação foi “indispensável para dar força, alcance e legitimidade aparente à trama criminosa”.

Um trecho do documento afirma:

Quais são os crimes e as penas

A PGR quer que Bolsonaro e os demais acusados sejam condenados pelos seguintes crimes:

  • Organização criminosa armada – pena de 3 a 8 anos
  • Abolir o Estado Democrático de Direito com violência – de 4 a 8 anos
  • Tentar um golpe de Estado – de 4 a 12 anos
  • Danos ao patrimônio da União – até 3 anos (com possibilidade de aumento)
  • Danos a bens históricos – até 3 anos

Como Bolsonaro é acusado de ter papel central na articulação e de não ter recuado mesmo diante de alertas de ilegalidade, a PGR pede que ele receba a pena máxima em cada crime, totalizando 43 anos de prisão.

Além disso, a Procuradoria quer que ele perca cargos públicos, fique inelegível e seja condenado a pagar indenizações por danos morais coletivos, junto com os demais réus.

O que acontece agora

Com o envio das alegações finais, o processo entra na fase das manifestações das defesas. O primeiro a falar será Mauro Cid, delator do caso e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Depois, os demais réus poderão apresentar suas versões.

Mesmo durante o recesso do STF (até o fim de julho), os prazos seguem correndo, já que um dos acusados, o general Walter Braga Netto, está preso preventivamente.

Depois disso, o caso será julgado pela Primeira Turma do STF, formada pelos ministros Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino. Se houver condenação, as penas poderão ser fixadas na própria sessão. Após isso, os réus ainda poderão recorrer.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio