PF pediu prisão de senador por suposto papel político em esquema do INSS; STF negou

PF apontou Weverton Rocha (PDT-MA) como ‘sustentáculo político’ do esquema, mas PGR viu falta de requisitos para prisão

O senador Weverton (PDT-MA), relator da indicação de Jorge Messias ao STF

A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva do senador Weverton Rocha (PDT-MA) no âmbito da Operação Sem Desconto, realizada nesta quinta-feira (18). No entanto, a medida foi negada após parecer contrário da Procuradoria-Geral da República (PGR), acolhido pelo relator do caso, ministro André Mendonça

Segundo a representação da PF, o senador aparece nas investigações como integrante do núcleo político de uma organização criminosa acusada de promover descontos associativos fraudulentos em aposentadorias e pensões do INSS. A corporação afirma que Weverton teria atuado como “sustentáculo político” do esquema, oferecendo blindagem institucional e capacidade de influência, o que, na avaliação dos investigadores, ampliava a longevidade e a eficácia das práticas criminosas

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A decisão judicial descreve que mensagens, planilhas e documentos apreendidos apontam para vínculos estreitos entre os operadores financeiros do esquema e agentes políticos, com menções diretas ao nome do senador em arquivos analisados durante a fase de rastreamento do dinheiro. Para a PF, esses elementos justificariam a necessidade da prisão preventiva, sob o argumento de risco à ordem pública, à instrução processual e de continuidade delitiva

Apesar disso, a PGR entendeu que não estavam configurados os requisitos legais para a prisão preventiva do parlamentar, posição seguida pelo relator. O STF manteve o caso sob sua jurisdição em razão do foro por prerrogativa de função, mas afastou, neste momento, a possibilidade de prisão de Weverton Rocha

Procurado, o senador afirmou, em nota, que recebeu “com surpresa” a busca realizada em sua residência e declarou que, “com serenidade, se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral à decisão”.

Outros pedidos de prisão

Além do senador, a Polícia Federal solicitou a prisão preventiva de outros 15 investigados, apontados como integrantes centrais da estrutura criminosa, entre empresários, operadores financeiros e agentes públicos. A lista inclui:

  • Romeu Carvalho Antunes;
  • Thiago Schettini Batista;
  • Domingos Sávio de Castro;
  • Adelino Rodrigues Junior;
  • Rubens Oliveira Costa;
  • Alexandre Caetano dos Reis;
  • Milton Salvador de Almeida Júnior;
  • Eric Douglas Martins Fidelis;
  • Paulo Gabriel Negreiros;
  • Alexandre Guimarães;
  • Marcos de Brito Campos Júnior;
  • Rodrigo Moraes;
  • Gustavo Marques Gaspar;
  • Adroaldo da Cunha Portal;
  • Hélio Marcelino Loreno

No caso de Adroaldo da Cunha Portal, então secretário-executivo do Ministério da Previdência, a PGR também se manifestou contra a prisão preventiva. O STF, contudo, autorizou seu afastamento cautelar do cargo, medida que levou à exoneração do auxiliar pelo governo federal.

A Operação Sem Desconto investiga um esquema que teria funcionado entre 2019 e 2024, com prejuízo estimado em até R$ 6,3 bilhões, atingindo principalmente aposentados e pensionistas de baixa renda. As investigações continuam, e a Polícia Federal avalia novos desdobramentos a partir do material apreendido

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio

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