Operação Sem Desconto: PF prende empresários citados pela CPMI do INSS

Empresários são apontados como operadores financeiros do esquema investigado pela PF

Relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, fazendo perguntas ao empresário Domingos Sávio de Castro

A Polícia Federal cumpriu prisões preventivas nesta quinta-feira (18) no âmbito da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema nacional de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS. Entre os alvos estão empresários citados pela CPMI do INSS como integrantes ou operadores do esquema, segundo apurações do Congresso e da PF.

Um dos nomes citados é Adelino Rodrigues Junior, sócio da empresa DM&H Assessoria Empresarial. De acordo com documentos obtidos pela CPMI, Adelino mantém sociedade com Domingos Sávio de Castro, dono de uma empresa de telemarketing envolvida nas investigações - e que também foi preso na operação desta quinta.

Outro alvo é o economista e empresário Rubens Oliveira Costa, apontado pela CPMI como o “homem da mala” e braço financeiro de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, considerado um dos principais operadores do esquema.

Durante depoimento à comissão, prestado em setembro, Rubens negou sociedade com Antunes e afirmou atuar apenas como gestor financeiro. Ainda assim, ele chegou a ser preso em flagrante por falso testemunho e ocultação de documentos, mas foi liberado pouco depois pela Polícia Legislativa. O caso seguiu para análise da Justiça.

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Também citado nas investigações, o empresário Domingos Sávio de Castro negou envolvimento nas irregularidades ao depor na CPMI do INSS em outubro. Segundo o relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Castro aparece em investigações sobre repasses de entidades associativas ao lobista Antônio Carlos Camilo Antunes e teria vínculos com empresas e organizações suspeitas de integrar o esquema.

Ao todo, estão sendo cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares, todas autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

As ações ocorrem nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.

Movimentações financeiras

Requerimentos aprovados pela CPMI indicam que Domingos Sávio de Castro é sócio ou ex-sócio das empresas DM&H Assessoria e ACDS Call Center, além de ter recebido recursos de entidades como a Associação Brasileira de Previdência (Abraprev) e a Associação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas da Nação (Abapen).

Segundo o relator, as movimentações financeiras atribuídas ao empresário superam R$ 20 milhões.

Castro compareceu à CPMI amparado por habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu o direito ao silêncio em situações de possível autoincriminação.

O que diz a defesa

Em nota conjunta, a defesa de Domingos Sávio de Castro, Rubens Oliveira Costa e Adelino Rodrigues Junior afirmou que, desde o início das apurações relacionadas à CPMI do INSS, adota uma postura colaborativa e transparente, colocando os clientes à disposição das autoridades.

Segundo os advogados, foram protocoladas manifestações junto ao STF reafirmando o compromisso com o esclarecimento dos fatos. A defesa informou ainda que não teve acesso completo aos autos, o que impede, por ora, o conhecimento dos fundamentos que motivaram as prisões preventivas. O acesso integral, segundo a nota, só ocorrerá após liberação formal do Supremo.

“Por fim, a defesa reforça sua confiança nas instituições, no devido processo legal e na apuração técnica e isenta dos fatos”, diz o texto assinado pelo escritório Barroso & Coelho Advocacia.

Operação Sem Desconto

A Operação Sem Desconto é conduzida pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e investiga um esquema que teria atuado entre 2019 e 2024, promovendo descontos associativos não autorizados diretamente nos benefícios de aposentados e pensionistas. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões.

Entre os alvos já conhecidos estão empresários, operadores financeiros, o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, seu filho Romeu Carvalho Antunes, além do senador Weverton Rocha (PDT-MA) e um assessor parlamentar. No âmbito do governo, o então secretário-executivo da Previdência, Adroaldo Portal, foi exonerado, e o cargo passou a ser ocupado pelo procurador-federal Felipe Cavalcante e Silva.

As investigações seguem em andamento, e novos desdobramentos não são descartados.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio

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