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Parlamentar denuncia governo do estado por supostas irregularidades em privatização da Copasa

Bella Gonçalves (PSOL) afirma que operações financeiras levantam suspeita de favorecimento e uso político da venda da estatal

Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) denunciou nesta quarta-feira (10), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), supostas irregularidades na condução do processo de privatização da Copasa pelo governo de Minas. Também participaram da denúncia os deputados Lucas Lasmar (Rede), Beatriz Cerqueira (PT), Ulysses Gomes (PT), Andreia de Jesus (PT), Lohanna (PV) e Betão (PT).

Segundo ela, há “um emaranhado que envolve diretamente o governador do Estado e o ex-presidente da Copasa”. A parlamentar apontou que uma operação de compra de 5% das ações da estatal, equivalente a 10% do capital social da empresa, aconteceu logo após uma reunião de Romeu Zema. “Essa compra das ações levou a uma valorização das próprias ações, uma especulação em cima das ações, de 25% no seu valor, o que dá um aumento de R$ 500 milhões assim numa tacada”, afirmou.

Bella ressaltou que a operação envolve pessoas com acesso a informações privilegiadas. “Ele ainda está no conselho da Copasa, ele detém informações privilegiadas sobre a Copasa, e ele está diretamente relacionado com a empresa que fez a compra dessas ações”, disse, referindo-se ao ex-presidente da estatal, Guilherme Duarte.

A deputada também destacou a ligação da empresa com um dirigente investigado pela Polícia Federal.

Para Bela, a denúncia não se limita a questões financeiras, mas envolve também interesses políticos do governador. “A gente está tendo um prejuízo na infraestrutura do Estado, das nossas estradas, da construção da nossa mobilidade, do nosso metrô, e nós temos hoje a ameaça de privatização da principal empresa de saneamento em função de um grupo econômico que tem lucrado muito. Esse recurso, na minha opinião, é o que o governador está de olho para garantir o financiamento de campanha dele”, declarou.

A denúncia será encaminhada ao Tribunal de Contas e à Polícia Federal. O governo de Minas foi procurado para comentar, mas ainda não respondeu. O espaço segue aberto.

Ex-presidente da Copasa nega envolvimento

Guilherme Duarte negou, à Itatiaia, que tenha cometido qualquer irregularidade. Ele afirmou que estava como Diretor Presidente da empresa citada após a saída da Copasa, e ressalta que é “uma empresa que atua no ramo de incorporação imobiliária, sem nenhuma correlação ao negócio da Copasa”.

“A Deputada faz correlação entre as empresas pelo seu endereço, no entanto as empresas não possuem nenhuma correlação societária. Uma ocupa o 5º andar do endereço citado, enquanto a outra ocupa o terceiro andar desse prédio. Edifício que abriga ainda diversas outras empresas, o que não significa que tenham relação entre suas operações”, destaca.

“A Deputada faz ligação entre a data da minha renúncia na empresa com o comunicado ao mercado da aquisição de posição acionária pela outra empresa. Sobre esse ponto, é fácil perceber pelo fato relevante que anuncia minha saída, que ela se deu um dia após a operação na Reag, e ainda que tal operação não tenha nenhuma relação com a empresa, optei por me afastar resguardando o que tenho de valor maior, minha imagem. Ainda ressalto que o anúncio da aquisição de ações pela outra empresa, ocorrido no mesmo dia, foi mera coincidência, e que a ela é acionista antiga da Copasa, que o próprio fato relevante do anúncio demonstra que naquele dia foi adquirido apenas uma pequena fração de ações pela empresa, e não o total dos 10%, pois a Copasa não possui liquidez para negociação de tal monta em um único dia”, esclarece.

Sobre supostas transações de informações confidenciais da Copasa, Duarte diz que durante todo o período que passou como CEO da empresa, ou no Conselho de Administração, foi “pautado pelo atendimento das regras de ética e compliance, e que o conselho de administração da companhia não trabalha diretamente na privatização da companhia nesse momento, pois a discussão ainda está no âmbito Legislativo, e que nossa atuação é focada na operação da companhia de modo a avançar na universalização e na melhoria da prestação de serviços”.

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