Ouvindo...

‘País passa por dicotomia entre o que é jurídico e político’, avalia especialista sobre prisão de Bolsonaro

Doutor em Direito Penal, Eduardo Milhomens, avalia que decisão de Moraes, sem uma posição anterior do Ministério Público, é polêmica entre juristas

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

O doutor em Direito Penal da PUC Minas, Eduardo Milhomens, considerou a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, uma decisão polêmica e que poderia ter sido analisada antes pelo Ministério Público.

Em entrevista ao Jornal da Itatiaia, na manhã desta terça-feira (5), o especialista avaliou que a medida, sem um pedido formal da Procuradoria-Geral da República (PGR), é polêmica e divide especialistas do Direito.

“Estamos diante de uma decisão que já vem pré-referendada na decião anterior. A gente vê uma crescente nas decisões do Supremo Tribunal Federal, com objetivo de proteger, conforme a decisão, o próprio processo penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. É uma decisão polêmica. Sempre que a gente tem um ex-presidente sendo preso, mesmo que em prisão domiciliar, é uma coisa que choca, até porque ele tem um capital político, ele tem os votantes dele. Passamos por um período no nosso país que existe uma dicotomia entre o que é o jurídico e o que é o político. Isso eu acho que é o principal ponto dessa tensão que a gente tem”, avalia Milhomens.

“Como jurista, penso muito na questão da falta de um pedido formal da Procuradoria Geral da República para que houvesse essa transformação das cautelares em uma prisão domiciliar. Isso é sempre problemático, porque nosso sistema jurídico se fundamenta na necessidade imperiosa de que haja um pedido do MP. Ele é o titular da ação e ele deve fazer o pedido”, afirmou o jurista.

“Na decisão anterior, Moraes e a primeira turma deixarma claro que haveria a possibilidade da conversão automática dessa medida. Mesmo assim, acredito que quem deveria propor e verificar a discordância, quem deveria falar que Bolsonaro descumpriu a medida, não é o Judiciário, mas a Procuradoria”, continuou.

Leia também

Kátia Pereira é jornalista formada pelo Uni-BH e tem especialização em História e Cultura Política pela UFMG. Está na Itatiaia desde 2002. Desde 2005 é titular do Jornal da Itatiaia 1ª Edição. Também apresenta o Jornal da Itatiaia Tarde, é editora e apresentadora do Palavra Aberta e apresenta conteúdo no canal da Itatiaia no Youtube. Recebeu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Âncora de Rádio. Tem passagens por Record TV Minas, Super Notícias/O Tempo e assessoria na Assembleia Legislativa