A comissão especial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais deve voltar a analisar, no início desta semana, o projeto do governo Romeu Zema que retira a exigência de um referendo popular para autorizar a privatização da Copasa.
Neste fim de semana, pouco depois da aprovação da PEC em primeiro turno, o governador Romeu Zema compartilhou, em suas redes sociais, uma frase do economista Adam Smith, dizendo, entre aspas, que “nenhum governo jamais conheceu as necessidades do povo melhor que o próprio povo”. A publicação foi interpretada como irônica e hipócrita por parlamentares da oposição.
O deputado estadual Professor Cleiton (PV) criticou duramente o governador e afirmou que a oposição vai intensificar a mobilização contra o texto.
“É revoltante o cinismo do Zema. O governador já deixou muito claro o seu desprezo pela democracia e pela soberania popular ao aprovar, de madrugada, em primeiro turno, a PEC do referendo — que está sendo chamada de PEC do cala-boca. O ápice do deboche veio com sua postagem cínica sobre o povo conhecer suas necessidades, justamente no momento em que ele age para amordaçar esse mesmo povo. Isso é mais do que hipocrisia, é um atestado de tirania disfarçado de liberalismo econômico. A manobra covarde de ignorar a vontade do povo mineiro e a Constituição é um absurdo que terá uma resposta firme da oposição e dos movimentos sociais”, declarou o parlamentar.
O projeto ainda precisa ser aprovado pela comissão especial antes de voltar ao plenário da Assembleia, onde deve ser votado em segundo turno ainda nesta semana.
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O deputado Cássio Soares (PSD), líder do bloco de sustentação do governo, reafirmou, após a votação, a importância da proposta para a renegociação da dívida de Minas.
“Houve uma compreensão e um amadurecimento de que é importante seguir com esse projeto para que Minas Gerais possa aderir ao Propague dentro das regras vantajosas, com 20% de abatimento da dívida inicial e redução dos juros. Isso será muito positivo para que o Estado recupere sua capacidade de investimento em serviços públicos. A necessidade de um referendo implicaria em um prazo muito longo e inviabilizaria a adesão dentro do tempo estipulado”, explicou.
A Itatiaia entrou em contato com a assessoria do governador, que ainda não se posicionou sobre as críticas da oposição.