O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (9) que não é possível considerar “normal” que um general do Exército mantenha uma agenda com “anotações golpistas”.
A declaração foi feita durante seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete aliados, acusados de liderar uma trama para abolir o Estado Democrático de Direito.
A fala de Moraes faz referência a uma agenda apreendida com o
“Não é razoável achar normal um general do Exército, quatro estrelas, ministro do GSI, ter uma agenda com anotações golpistas. Ter uma agenda preparando a execução de atos para deslegitimar as eleições, o Poder Judiciário e se perpetuar no poder. Eu não consigo entender como alguém pode achar normal, em uma democracia, em pleno século 21, uma agenda golpista”, afirmou Moraes.
O ministro também reiterou que Bolsonaro liderou uma organização criminosa que, entre julho de 2021 e 8 de janeiro de 2023, teria utilizado estruturas do Estado, como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para atacar o sistema eleitoral e difundir narrativas falsas contra a Justiça Eleitoral.
“A organização criminosa se reuniu a partir de junho de 2021 e passou a usar tanto a Abin quanto o GSI para criação e divulgação de uma narrativa mentirosa, que ameaçava a integridade da Justiça Eleitoral”, complementou Moraes.
O STF retomou nesta terça-feira o julgamento dos oito réus. Moraes, relator do caso, está sendo o primeiro a votar. Em seguida, votarão os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, por último, Cristiano Zanin.