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Haddad defende pontos menos controversos da MP do IOF para cobrir orçamento de 2026

Após reunião com Alcolumbre, ministro afirma que trechos consensuais da medida podem ser retomados em negociação com o Senado.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Após se reunir nesta quarta-feira (15) com o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que partes da Medida Provisória 1.303, alternativa ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), tinham amplo consenso entre governo e Congresso. Entre os pontos apontados como “incontroversos” estão o controle de cadastros e o disciplinamento de compensações tributárias.

“Eu nem entendi por que não foi apreciado, porque era uma coisa que todo mundo concordava”, disse Haddad, ressaltando que pretende voltar a discutir esses pontos com Alcolumbre até o fim da semana. “Coloquei para ele as alternativas que nós temos daquilo que é incontroverso para nós recuperarmos de alguma maneira e ficamos de discutir agora esses cenários”, completou.

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A reunião com Alcolumbre também abordou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, cuja votação deveria ocorrer nesta semana na Comissão Mista de Orçamento, mas foi adiada para a próxima terça-feira (21). Segundo Haddad, será necessário ainda um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para decidir quais medidas podem ser adotadas para adequar o orçamento do próximo ano.

Arrecadação em jogo

O ministro ressaltou que é essencial que as decisões do Legislativo e as leis sobre despesas e receitas estejam alinhadas, para garantir a consistência fiscal e permitir a execução do orçamento de 2026. Haddad explicou que existem atualmente diversas leis apontando para resoluções diferentes, e que as medidas dependem também do apoio da Câmara dos Deputados para serem efetivas.

A MP do IOF foi elaborada pelo governo para compensar perdas de arrecadação previstas no orçamento, mas perdeu validade após não ser apreciada na Câmara. Entre as medidas previstas estavam a ampliação da tributação de fintechs, casas de apostas e títulos privados incentivados. O governo já contava com a arrecadação desses valores no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, enviado ao Congresso no fim de agosto.

Na terça-feira (14), Haddad já havia sinalizado que o corte de emendas parlamentares é uma das alternativas para compensar a perda de receita, que poderia superar R$ 7 bilhões. A medida, no entanto, pode gerar desgaste político, principalmente em ano eleitoral, já que muitos parlamentares dependem dessas emendas para suas campanhas.

Segundo o ministro, o adiamento da votação da LDO não prejudica o processo, e ele prefere esperar uma semana para garantir que o orçamento seja consistente e alinhado entre governo e Congresso.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio