Ouvindo...

Fux vota para absolver Bolsonaro por golpe de Estado

Fux analisou as acusações contra Bolsonaro em três eixos: Abin Paralela, ações contra o sistema eleitoral e tentativa de golpe de Estado; placar está em 2 contra 1

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux

Alegando falta de provas de liderança no movimento golpista, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux votou por absolver Jair Bolsonaro (PL) dos crimes julgados pela Primeira Turma da Corte na ação penal que apura a trama que culminaria em um golpe de Estado após as eleições de 2022.

O voto, que começou pela manhã e adentrou a noite desta quarta-feira (10), considerou que o ex-presidente inocente em relação às acusações de ter cometido os crimes de organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e ameaça grave; e deterioração de patrimônio tombado.

“Não há provas suficientes para imputar ao réu Jair Messias Bolsonaro os crimes”, declarou Fux sobre todos os crimes, com exceção de organização criminosa. Sobre este, Fux afirmou que não ficou demonstrado nos autos.

“Não se pode admitir que possa configurar tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito discursos ou entrevistas com questionamentos contra a irregularidade contra o sistema de votação ou rudes acusações aos membros de outros poderes. A simples sugestão de mudança do sistema de votação não pode ser considerada narrativa subversiva”, afirmou o ministro.

Fux afirmou que é necessário analisar as acusações contra Bolsonaro em três eixos: Abin Paralela, ações contra o sistema eleitoral e tentativa de golpe de Estado. “Não se comprovou a efetiva participação do réu”, disse, sobre a Abin Paralela.

Sobre ações contra o sistema eleitoral, Fux, que foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), defendeu que não há crime em relação à manifestação crítica e que a lei exige “violência” para que seja aplicada.

Sobre ataques contra o sistema eleitoral, Fux diz que sequer hipoteticamente uma live feita no exterior seria incapaz de abolir o estado democrático de direito. Também afirma que Bolsonaro tinha o intuito de ”buscar a verdade dos fatos do funcionamento do sistema eletrônico de votação”.

Sobre o golpe de Estado, o ministro afirmou que é exigível que a denúncia descrevesse atos “completamente imputáveis” a Bolsonaro, o que, na sua visão, não aconteceu. Fux diz que não há provas de participação de Bolsonaro nas ações da PRF nas estradas para impedir eleitores de votar nas eleições de 2022, nem em relação a reuniões com autoridades.

Com o voto de Fux, o placar para condenação de Jair Bolsonaro está em 2 contra 1, visto que tanto Alexandre de Moraes quanto Flávio Dino foram favoráveis à condenação do ex-presidente em todos os crimes.

Demora surpreendeu

Fux anunciou, na última terça (9), que o seu voto seria extenso, mas poucos esperavam que a explanação se estendesse tanto.

O ministro dividiu a sua fundamentação oral entre uma análise aprofundada das questões preliminares, uma longa explicação teórica sobre cada um dos crimes em discussão e a individualização das condutas de cada um dos réus, com apresentação de diferentes motivos para absolver e condenar por cada uma das acusações.

Ainda na parte da manhã, Fux acabou fazendo um teste de atenção com a plateia da Primeira Turma, mesmo que sem intenção.

O ministro discorria sobre a jurisprudência do STF quando falou a palavra “vista”, que significa suspensão do julgamento.

A menção demonstrou que parte das pessoas presentes no plenário não estava inteiramente focada em seu voto, pois logo deu-se início a um burburinho sobre se o ministro paralisaria a votação depois de apresentar tantos argumentos. Moraes, que seguia atento, deu risada.

Aguarde mais informações

Leia também

Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.
Jornalista formada pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, na apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.
Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.
Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.
Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio