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Condenado por improbidade administrativa, Kalil protagonizou polêmica com Atlético enquanto prefeito de BH

Galo teve que honrar contrapartidas de R$ 335 milhões com Prefeitura de BH na ‘era Kalil’ ao construir a Arena MRV; por outro lado, gestão municipal do Rio ajuda clubes em obras de estádios e CTs

Arena MRV, estádio do Atlético

Agora condenado por improbidade administrativa e com seus direitos políticos cassados por cinco anos, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, coleciona outras polêmicas. Entre elas, o emblemático caso das cobranças de contrapartidas ao Atlético pela construção da Arena MRV, a “casa própria do Galo”.

Indo na contramão de outras cidades, como o Rio de Janeiro, a gestão de Kalil na Prefeitura de Belo Horizonte, entre janeiro de 2017 e março de 2022, cobrou contrapartidas para liberação das obras na ordem de R$ 335 milhões.

Segundo o CEO do Galo e do estádio, Bruno Muzzi, “quase 50% do valor da obra (da Arena) foi exigido em compensações para o PBH”.

No Rio de Janeiro, a Prefeitura Municipal, liderada por Eduardo Paes (PSD), adotou algumas medidas de incentivo para melhoria na infraestrutura dos clubes, em estádios e CTs.

Prefeitura do Rio de Janeiro incentiva clubes a melhorarem suas estruturas

Em relação ao estádio do Flamengo, por exemplo, a diretoria do rubro-negro não chegou a um acordo em relação aos valores na negociação com a Caixa Econômica Federal para aquisição do terreno do Gasômetro, onde o estádio será construído.

A Prefeitura, então, entrou em cena com a desapropriação do terreno, que foi a leilão, com vitória do Flamengo. O lance foi de R$ 138,1 milhões, valor mínimo exigido.

Nos casos de Fluminense e Vasco da Gama, Paes foi ao Centro de Treinamentos dos rivais que ficam próximos, na Zona Oeste do Rio, e prometeu a pavimentação de ruas de acesso aos dois locais, que ficam muito castigadas na época das chuvas.

Além disso, Eduardo Paes assinou decreto que reduzia a burocracia para a reforma do Estádio de São Januário, de propriedade do Vasco.

A Prefeitura do Rio também trabalha junto da diretoria do Botafogo para construção de um CT próprio do Alvinegro e também para retirar a pista de atletismo do Nilton Santos, estádio administrado pelo clube da estrela solitária.

Nos EUA, arena da NFL terá apoio do poder público

Um dos casos recentes e de destaque fora do Brasil é do Buffalo Bills, time de futebol americano da NFL. Em 2022, a franquia anunciou acordo com os governos de Nova York e do condado de Erie para a construção de um novo estádio, com preço estimado em US$ 1,4 bilhão. O contrato de concessão será de 30 anos e inauguração está prevista para 2026.

Serão 600 milhões de dólares do Estado de Nova York, como informado pela governadora. O condado de Erie contribui com US$ 250 milhões, enquanto a NFL e os Bills comprometerão US$ 550 milhões em financiamento.

Antes do projeto do novo estádio do Buffalo Bills, o Las Vegas Raiders passou por situação parecida. A franquia se mudou para a nova cidade em 2020, e somado a isso, foi construído o Allegiant Stadium, que custou US$ 1,97 bilhão e recebeu quase metade desse valor de fundos públicos.

Câmara de BH aprovou projeto que evita abusos e pode reverter contrapartidas impostas por Kalil à Arena MRV

Em setembro de 2024, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) aprovou um Projeto de Lei que limita o abuso de contrapartidas a empresas na construção de empreendimentos na cidade, como aconteceu nas obras da Arena MRV, estádio do Atlético, construído no bairro Califórnia, Região Noroeste da capital mineira.

A proposta limitou em 5% do valor total do empreendimento o custo das contrapartidas que devem ser adotadas pelo empreendedor.

Essas compensações são medidas para mitigar a escala, abrangência ou grau de alteração da qualidade ambiental ou socioambiental causados pela implantação do empreendimento.

Contrapartidas da Arena MRV geraram CPI

A questão da nova casa do Galo foi alvo até mesmo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A intitulada “CPI do Abuso de Poder”, que apurava se as contrapartidas exigidas foram impostas pela gestão de Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte, para prejudicar o andamento das obras. O relatório final da CPI foi aprovado em julho.

O clube chegou a se manifestar sobre as exigências feitas pela PBH durante a gestão de Kalil, em 2022. Segundo o Atlético, as mais de 100 contrapartidas exigidas pela PBH tinham “valores exorbitantes e completamente desproporcionais em relação a qualquer outra arena erguida no Brasil”.

Para o Galo, a PBH usou “o empreendimento e seus apoiadores financeiros para que se resolvesse problemas históricos da região, como o de obras estruturantes viárias, que deveriam ter sido realizadas pelo poder executivo municipal”.

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