Prefeitura de BH e Copasa assinam termo que avança por renovação de vínculo até 2073

Instrumento de Acordo firmado entre as partes ajusta termos do contrato e propõe mais 50 anos de atuação da empresa na capital em meio a discussões sobre privatização

Prefeitura de Belo Horizonte e Copasa iniciam tratativas para renovação de contrato

A Copasa e a Prefeitura de Belo Horizonte assinaram, na última sexta-feira (5), um acordo que serve como base para estender o contrato entre as partes até fevereiro de 2073. A possível renovação do vínculo com a companhia de saneamento acontece em meio à discussão sobre a privatização da empresa.

Em nota enviada pela Copasa à reportagem, a empresa aponta que o Instrumento de Acordo assinado na última semana serve como base para que a prefeitura da capital firme uma renovação.

“Esse documento tem como objetivo consolidar os entendimentos entre as partes, garantir a continuidade dos serviços e ajustar as condições da prestação, conforme previsto no Novo Marco Legal do Saneamento”, diz trecho da nota.

Durante a tramitação do Projeto de Lei (PL) 4.380/2025, no qual o governador Romeu Zema (Novo) prevê a venda da Copasa, o prefeito Álvaro Damião (União Brasil) cobrou do Executivo Estadual que a capital mineira fosse ouvida no processo, uma vez que é a maior cliente da companhia e provedora do superávit da estatal.

“O que quero é que a Copasa e o governo de Minas entendam que não existe Copasa sem Belo Horizonte. Se quer vender a Copasa, converse com Belo Horizonte”, disse o prefeito no fim de outubro. Duas semanas depois, Damião já anunciava que as tratativas com a companhia estavam avançadas.

Discussão em curso na Assembleia

A Assembleia debate há meses projetos relacionados à privatização da companhia. O texto específico para a venda da Copasa foi aprovado em primeiro turno na última terça-feira (2).

Após a aprovação inicial em plenário, o texto voltou à discussão na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO). Uma nova reunião para apreciação do projeto está marcada para a próxima terça-feira (9). Caso o parecer apresentado pelo relator Zé Guilherme (PP) seja aprovado, o texto fica pronto para ser votado em segundo turno em plenário.

A Copasa no Propag

O PL 4.380/2025 teve sua tramitação precedida por uma atribulada discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, também de autoria de Zema, que derrubou a exigência de um referendo popular para autorizar a privatização da Copasa.

A privatização da Copasa, bem como da Gasmig e da Cemig, já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados, incluindo os imóveis do estado.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido. Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

Outro ponto percentual pode ser abatido com o compromisso de que a economia obtida com essa redução de juros seja reinvestida no estado. O uso do valor que não será pago em forma de dívida deve, portanto, ser aplicado em ações de segurança pública, ensino profissionalizante, infraestrutura e outras áreas nevrálgicas da estrutura do estado. A venda da Copasa é defendida como forma de obter recursos para fazer tais investimentos no primeiro ano de adesão ao Propag.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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