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CPI do Abuso de Poder: vereadores aprovam relatório que recomenda a investigação de pessoas ligadas a Kalil

Documento tem sugestões que serão encaminhadas ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), à Receita Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Fernanda Pereira Altoé foi a relatora da CPI do Abuso de Poder

Os vereadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Abuso de Poder, que funcionou na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), aprovaram, nesta sexta-feira (21), o relatório final da investigação. O documento pede, a entidades como o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a apuração de ilicitudes que teriam sido cometidas por pessoas ligadas ao ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).

O relatório, construído pela vereadora Fernanda Pereira Altoé, do Novo, recebeu aval unânime. A comissão terminou sem ouvir Kalil. A defesa do ex-prefeito desistiu de mandado judicial que garantia, a ele, o direito de depor aos parlamentares.

O documento pede, ao MPMG e à Receita Federal a verificação de eventuais crimes tributários, de lavagem de dinheiro e de duplicata simulada por parte da Unitour Turismo, que prestou serviços à Prefeitura de Belo Horizonte e ao Clube Atlético Mineiro (CAM) na gestão Kalil. Há, ainda, recomendações ligadas à Arena MRV, novo estádio do Atlético (leia mais ainda neste texto)

O relatório de Altoé ainda tem considerações destinadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A vereadora defende que a Corte verifique se o ex-diretor financeiro do Galo, Carlos Fabel, cometeu ilicitudes. Ele também atuou em uma das campanhas de Kalil à Prefeitura de BH.

Segundo Fernanda Altoé, as conclusões contidas no relatório final precisam gerar “resultados” no MPMG.

“Entendo a ânsia das pessoas por um indiciamento e por ‘sangue’. A gente também fica com ‘sangue nos olhos’ em vários momentos. Tenho dez anos de Poder Judiciário e sou ex-promotora. No final das contas, o que vale é o documento, a prova e o depoimento”, afirmou.

Histórico

Durante sete meses, os vereadores realizaram diversas oitivas, incluindo pessoas ligadas a Kalil e servidores da Prefeitura de Belo Horizonte, e investigou o perdão de dívidas do ex-prefeito pelo Executivo municipal, como as relacionadas ao Imposto Predial e Territorial Urbano, além das contrapartidas impostas pela PBH à construção da Arena MRV.

O relatório recomendou, ainda, mudanças sobre a cobrança do IPTU. Um trecho do documento aponta que a investigação

“escancarou a possibilidade de manipulação dos processos de cobrança fiscal, pela desconexão das informações entre órgãos e Secretarias municipais”.

Entre as recomendações que constam do texto estão a obrigatoriedade de tratamento de informações de imóveis antigos, a regularização de imóveis públicos na capital mineira e a atualização dos dados de cobrança do IPTU.

Arena MRV

Durante a CPI, os vereadores também apuraram possíveis excessos da gestão Kalil nas contrapartidas exigidas pelo poder público em virtude da construção da Arena MRV, novo estádio do Atlético. O relatório de Altoé será enviado ao Galo, para que o clube avalie a pertinência de ajuizar ação contra o município por eventuais danos morais e materiais.

A parlamentar avalia que houve “quebra de uma justa expectativa e ofensa ao princípio da boa fé objetiva, bem como pela perda de uma chance, gerando responsabilidade civil da Prefeitura de Belo Horizonte”.

A PBH, aliás, também receberá cópia do relatório por causa das questões ligadas à Arena MRV. Assim, segundo a política do Novo, o poder Executivo poderá rever contrapartidas “exigidas em excesso ou desvio de poder”. Conforme a relatora, o documento poderá, ainda, sustentar uma lei municipal com normativas a respeito de compensações a obras privadas.

Tem mais de 27 anos de experiência jornalística, como gestor de empresas de comunicação em Minas Gerais. Já foi editor-chefe e apresentador de alguns dos principais telejornais do Estado em emissoras como Record, Band e Alterosa, além de repórter de rede nacional. Foi editor-chefe do Jornal Metro e também trabalhou como assessor de imprensa no Senado Federal, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e no Sesc-MG. Na Itatiaia, onde está desde abril de 2023, André é repórter multimídia e apresentador.
Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.