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Comissão da Câmara rejeita proposta de internação compulsória de dependentes em BH

O relator do projeto no colegiado, vereador Pedro Patrus (PT), classificou a proposta como uma “aberração”

Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH).

A Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) deu sinal negativo para o Projeto de Lei (PL) que institui a internação compulsória de dependentes químicos na capital mineira.

O texto, de autoria do vereador Braulio Lara (Novo), foi rejeitado pelo relator do PL no colegiado, Pedro Patrus (PT). Para o parlamentar, a proposta apresenta “riscos concretos de violação de direitos fundamentais e não assegura a necessária conformidade com a política nacional de saúde mental”. A comissão acompanhou o relator e votou pela aprovação do parecer pela rejeição.

Protocolado em março de 2025, o projeto prevê internações voluntárias e involuntárias de usuários de substâncias ilícitas em Belo Horizonte. O autor estabelecia que as ações deveriam ser custeadas pelo Fundo Municipal sobre Drogas.

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De acordo com o PL, quando não houvesse consentimento do usuário, a internação poderia ser solicitada por algum parente, assistente social ou qualquer servidor público.

Na época, Lara usou o crescimento no número de pessoas em situação de rua em BH para justificar o projeto. Segundo o vereador, parte dessa população é de dependentes químicos, sem condições financeiras de arcar ou buscar tratamento por conta própria. “Infelizmente, vemos um grande número de pessoas viciadas em drogas andando pelas ruas. Elas precisam de encaminhamento”, disse o parlamentar em março para a Itatiaia.

O texto tramita em primeiro turno e, com parecer positivo, segue para a análise da Comissão de Orçamento e Finanças Públicas. Depois do parecer pela aprovação ou rejeição do colegiado, o projeto fica apto para ser votado em Plenário.

“De volta para minha terra”

Outro PL polêmico também teve o parecer negativo aprovado pelo colegiado. O texto, de autoria do vereador Vile (PL), cria o programa “De volta para minha terra”, destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade social que desejam “retornar” para suas respectivas cidades de origem.

A proposta prevê oferecer transporte, suporte logístico, auxílio na emissão de documentos, intermediação com programas sociais da cidade de destino e acompanhamento social antes, durante e após o retorno.

No parecer, Patrus destaca que o projeto “fragiliza a proteção das populações mais vulneráveis e reproduz práticas historicamente associadas a políticas higienistas”, chegando a destacar que o PL se “transverte” em política de assistência social.

O texto, que também tramita em primeiro turno, ainda será analisado pelas Comissões de Administração Pública e Segurança Pública e Orçamento e Finanças Públicas, antes de ser votado pelos vereadores.

Jornalista pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.