As mineradoras já apontam a sustentabilidade como um dos pilares da mineração do futuro. Nos últimos dois meses, a nossa reportagem percorreu áreas de mineração em todas as regiões do Estado e conversou com representantes das companhias.
Na Vale, o presidente da mineradora, Gustavo Pimenta, destaca o uso de tecnologia para diminuir a emissão de gases e reaproveitar rejeitos de minério.
“Hoje a gente tem várias minas da Vale que operam com caminhões 100% autônomos. Eles são mais eficientes, emitem menos gás carbônico, têm uma pegada de carbono menor e reduzem o risco em relação à segurança laboral dos empregados. Uma das três minas mais eficientes do mundo está aqui: a mina de Brucutu, que é 100% autônoma. Então, essa automação dos trabalhos, das nossas operações, é muito importante. E o emprego migra para funções de maior valor. A turma que estava pilotando os caminhões agora está nas nossas salas de controle, olhando os dados e melhorando a eficiência das operações. Isso promove, inclusive, uma melhoria na qualidade do emprego e da renda”, afirma Gustavo Pimenta.
Presidente da Vale, Gustavo Pimenta
O presidente da mineradora ainda detalha o foco da empresa na circularidade e no menor impacto ambiental. “Percebemos que a Vale, quando minerava alguns desses recursos há 20, 30 anos, não tinha a tecnologia que tem hoje. Então, alguns materiais eram colocados em pilhas ou em rejeitos, mas com teor de ferro era muito alto. Agora buscamos esse rejeito e reprocessamos. Com isso, geramos menos impacto ambiental, porque ele já foi minerado, com um custo mais baixo. Ano passado, a gente fez quase 13 milhões de toneladas. Este ano, vamos fazer 20. Em 2030, vamos chegar a 30 milhões de toneladas. A Vale vai ser a companhia que mais produz geração circular, de produção circular, no mundo”, explica o executivo.
O CEO da Itaminas, Thiago Toscano, confirma a crescente preocupação do setor com questões sustentáveis. Além disso, ele destaca que há uma cobrança internacional para a evolução das práticas de extração de minério.
“Para reduzir o impacto que a mineração tem na cadeia — por exemplo, no caso da Itaminas — vamos buscar o mercado internacional. Assinamos um contrato com o Porto Sudeste, em uma parceria no Oriente Médio, e nessa demanda a empresa acaba valendo mais e agregando valor. Então, quando eu faço um acordo com o ICLEI, que representa o município dentro da ONU, isso tem um certo peso, porque, quando vou para fora, conversar com bancos ou financiadores, inclusive internacionais, agências internacionais de desenvolvimento, eu apresento para eles a minha agenda montada com um órgão que é representado pela ONU. Isso já traz um selo, uma estampa. Então a gente tem buscado também esse tipo de selo em outras frentes, como fazer uma captação com uma agência internacional, como o Banco Mundial, para dizer o seguinte: se esses bancos estão me financiando, é porque eles estão olhando essa questão. Então fizemos uma mineração boa. Eu acho que isso é muito positivo para fazer as mineradoras buscarem melhores práticas”, conta Thiago Toscano.
Presidente da Itaminas, Thiago Toscano