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Codemig: Base de Zema na ALMG defende acordo com CBMM; oposição fala em ‘péssimo negócio’

Enquanto o Governo defende o contrato como avanço estratégico e garantia de segurança jurídica, oposição vê falta de transparência e prejuízo para o Estado.

Venda da Codemig é parte do plano de Minas para renegociar dívida

A renovação do contrato entre a Codemig e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), assinada nesta quinta-feira (30) em Belo Horizonte, divide opiniões na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O novo acordo garante à estatal mineira 25% do lucro líquido da exploração de nióbio nas minas de Araxá por 30 anos, com possibilidade de prorrogação até 2070, e amplia a participação da Codemig em outros minerais, como as chamadas terras raras.

Do lado do governo, o líder João Magalhães (MDB) afirmou que a medida “representa um avanço estratégico para o Estado”, destacando que o contrato traz segurança jurídica, continuidade das atividades e reforça o ambiente de confiança para investimentos. Segundo ele, a atualização contratual também é importante para o processo de renegociação das dívidas de Minas com a União e pode valorizar a Codemig em eventuais tratativas de federalização. Magalhães defendeu ainda que “todo o processo tem sido conduzido com transparência”.

“Os detalhes da parceria permitirão uma avaliação mais precisa da Codemig, de modo que uma eventual federalização da estatal seja realizada nas melhores condições possíveis para Minas Gerais. Acredito que todo o processo continuará sendo executado com transparência e responsabilidade, como tem sido desde o início das discussões sobre o Propag”, diz um trecho da nota.

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Oposição fala em ‘péssimo negócio’

Pelo lado da oposição, o deputado Professor Cleiton (PV) classificou o acordo como “um negócio péssimo para Minas Gerais e bom apenas para uma das partes”. Ele afirmou que o contrato mantém o mesmo percentual de lucro da Codemig — 25% — mesmo após décadas de investimentos já realizados pela CBMM, o que, em sua avaliação, deveria ser revisto.

Cleiton também pediu que o Ministério Público, o Tribunal de Contas e o Judiciário determinem a divulgação integral dos termos do acordo.

“O percentual de Minas deveria aumentar. O que nos leva a crer que o Estado encomendou estudos e contratações para beneficiar a empresa e lesar os cofres públicos a longo prazo, um crime, um dano ao erário. Fica mais latente a necessidade de quebra do sigilo desses documentos para saber os parâmetros em que isso foi feito e se houve alerta por alguns dos contratados que seria um péssimo negócio ao estado”, segue o deputado.

O contrato substitui o anterior, que terminaria em 2032, e segundo o governo, traz mais previsibilidade às receitas da Codemig e segurança jurídica à parceria. Em 2024, a estatal recebeu cerca de R$ 1,7 bilhão em lucros da CBMM.

A renovação consolida uma das parcerias mais importantes do setor mineral mineiro, mas também acende um novo debate político sobre transparência, governança e o futuro dos ativos públicos do Estado.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.