Câmara de BH irá enviar moção de protesto para Damião contra exposição de arte no CCBB

Os parlamentares alegam que a mostra “Fullgás”, que ficou exposta até o dia 10 de novembro, continha conteúdos impróprios para menores de idade

A Fullgás reúne cerca de 300 obras de mais de 200 artistas de todas as regiões do país.

A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) irá enviar ao prefeito da capital mineira, Álvaro Damião (União Brasil), uma moção de protesto à exposição “Fullgás — Artes Visuais e Anos 1980 no Brasil”, que ficou em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) entre agosto e o início de novembro.

Para os autores da proposição, vereadora Flávia Borja (DC) e vereador Irlan Melo (Republicanos), a mostra não deveria ter recebido classificação livre para todas as faixas etárias, uma vez que, segundo eles, havia obras “inapropriadas para menores de idade”.

Normalmente, moções não precisam ser votadas em plenário, a menos que sejam alvo de impugnação — como ocorreu neste caso, após pedido dos vereadores Cida Falabella (PSOL), Iza Lourença (PSOL), Juhlia Santos (PSOL), Luiza Dulci (PT), Pedro Patrus (PT) e Dr. Bruno Pedralva (PT). Eles argumentam que a exposição passou por outras capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, com classificação etária livre.

Segundo Irlan Melo, a moção não se trata de “censura” à arte ou a exposições artísticas, mas sim de um “alerta” para a prefeitura de Belo Horizonte sobre o teor do que estaria sendo exibido na capital. “A PBH precisa ficar atenta para que esse tipo de coisa não aconteça mais na capital mineira. Não sou contra a arte e isso não é censura. Isso é obedecer à classificação indicativa”, disse à Itatiaia.

A Fullgás reúne cerca de 300 obras de mais de 200 artistas de todas as regiões do país.

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Em outubro, Borja e Irlan Melo utilizaram aparato de segurança pública para tentar fechar a exposição. Acompanhados de guardas civis municipais e policiais militares, os dois vereadores entraram na mostra alegando exercer atividade parlamentar de fiscalização, motivados por supostas denúncias de famílias incomodadas com o teor das obras.

Entre as peças citadas pela vereadora como supostamente impróprias para determinadas faixas etárias está uma mensagem sobre sexo seguro, com orientação para o uso de preservativos a fim de evitar a contaminação por doenças como a Aids, causada pelo vírus HIV.

O objetivo da exposição era abordar o Brasil durante o período de redemocratização, após a ditadura militar.

Em nota, à época, o CCBB afirmou que a mostra seguia as normas do Guia Prático de Artes Visuais, do Ministério da Justiça, publicado em 2021, que estabelece “que a apresentação de níveis elementares e fantasiosos de violência e obras de arte sem teor erótico explícito têm Classificação Indicativa Livre”.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.

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