Vereadores acionam a polícia e pedem interrupção de exposição no CCBB, em BH

Parlamentares argumentam que obras expostas desrespeitam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por exibirem cenas de nudez, violência e sexo

Irlan Melo (Republicanos) conversa com policiais; Juhlia Santos (PSOL) foi ao CCBB para mediar situação

Dois vereadores foram ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, para pedir a interrupção de uma exposição nesta quarta-feira (8).

O alvo das críticas é “Fullgás- artes visuais e anos 1980 no Brasil”, que está no CCBB desde o dia 27 de agosto e retrata a cultura pop nacional através da música, TV, quadrinhos, revistas e capas de discos.

A exposição é gratuita, tem classificação livre e acontece nas galerias do 3º andar do prédio e no pátio de quarta-feira a segunda, das 10h às 22h.

Segundo os vereadores Flávia Borja (DC) e Irlan Melo (Republicanos), obras que estão expostas supostamente desrespeitam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por exibirem cenas de nudez, violência e sexo.

Os parlamentares pedem a interrupção da exposição até que seja estabelecida uma classificação indicativa.

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Borja e Melo acionaram a Guarda Civil Municipal (GCM), a Polícia Civil (PC) e a Polícia Militar (PM) para os acompanharem na ocorrência.

A GCM confirmou que prestou apoio aos parlamentares em uma “ação de fiscalização”, e a PM registrou boletim de ocorrência com caso descrito como “ato obsceno”.

A vereadora Juhlia Santos (PSOL) foi ao CCBB para conversar com os colegas da Câmara e tentar mediar a situação. À reportagem, ela contou que foi acionada por pessoas que estavam na exposição e se sentiram constrangidas pela ação dos vereadores.

Segundo a parlamentar, trata-se de uma “tentativa de cercear e censurar as obras expostas” e um “ataque direto a arte e a cultura”. Ela afirmou que “nudez não é pornografia”.

Nota do CCBB

A exposição Fullgás segue as normas do Guia Prático de Artes Visuais do Ministério da Justiça, publicado em 2021 (itens A.1.4 – Violência Fantasiosa e B.1.1 – Nudez Não Erótica) e que estabelece que apresentação de níveis elementares e fantasiosos de violência e obras de arte sem teor erótico explícito têm Classificação Indicativa Livre.

Essas diretrizes visam garantir a liberdade de expressão artística e a diversidade cultural, respeitando os princípios da Constituição Federal”.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia, escreve para Cidades, Brasil e Mundo. Apaixonado por boas histórias e música brasileira.

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