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Bertha Maakaroun | Como candidatura de Zema à presidência pode impactar eleição em Minas?

Se a indicação de Jair Bolsonaro recair sobre alguém da família, o que é mais provável, o campo bolsonarista vai se fragmentar no plano nacional

Romeu Zema

Se na corrida à presidência da República o campo bolsonarista sair dividido, aqui em Minas, o vice-governador Mateus Simões, que vai disputar o governo do estado, também terá dificuldade em ser o nome único. No plano nacional, vamos lembrar, há uma disputa entre quatro governadores presidenciáveis e três membros da família, pelo espólio eleitoral do ex-presidente da República, que está inelegível. Se a indicação de Jair Bolsonaro recair sobre alguém da família, o que é mais provável, o campo bolsonarista vai se fragmentar no plano nacional.

E em Minas? Além de Mateus Simões, o senador Cleitinho, do Republicanos, já disse que vai concorrer ao governo e não desistirá nem se Jair Bolsonaro lhe pedir. Mateus Simões tem outras dificuldades para unificar o campo bolsonarista no estado. O PL gostaria de lançar nome próprio. Mas Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do partido, quer o deputado federal Nikolas Ferreira concorrendo para a Câmara dos Deputados. Para Costa Neto importa mais eleger parlamentares e engordar o fundo eleitoral do partido.

Entre Mateus Simões e Cleitinho, com quem o PL de Minas ficaria?

Na Assembleia Legislativa, entre os bolsonaristas autênticos, a balança pesa para Cleitinho. Os deputados ligados à segurança pública são críticos do governo Zema. Com o campo bolsonarista dividido em Minas, Mateus Simões seria forçado a buscar o apoio do eleitor moderado. Mas, Romeu Zema segue com o discurso agressivo, em sua campanha nacional, defendendo teses radicais. Dificilmente Mateus Simões conseguirá se descolar da imagem de Romeu Zema em Minas.

A tendência é de que o campo da direita moderada, do centro político e da centro-esquerda seja ocupado pelo candidato que tiver o apoio de Lula. Até aqui, Lula tem estimulado a candidatura do senador Rodrigo Pacheco, que foi presidente do Congresso Nacional. Rodrigo Pacheco ainda não declarou que será candidato. Mas os seus aliados mais próximos garantem que ele está organizando a sua campanha ao governo de Minas. Pacheco tem grande potencial para unificar forças políticas no estado. A eventual candidatura de Alexandre Kalil, que ainda não tem partido político, pode dividir esse campo. Mas em qualquer hipótese, Mateus Simões estaria preso ao campo bolsonarista, onde está Cleitinho. Será que há espaço para dois bolsonaristas no segundo turno na disputa ao governo de Minas?

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Jornalista, doutora em Ciência Política e pesquisadora