O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu nesta quinta-feira (11) a decisão do ministro Luiz Fux, que votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro no julgamento sobre a suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Na quarta-feira (10), Fux apresentou um voto totalmente divergente do relator do caso, Moraes. Em quase 14 horas, defendeu que Bolsonaro e outros cinco réus fossem absolvidos de todas as acusações.
Fux votou pela condenação apenas de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Durante o voto da ministra Cármen Lúcia, Moraes pediu a palavra e contestou o entendimento de Fux.
“Quem sempre foi o líder e o ponta de lança desse discurso populista, que caracteriza as novas ditaduras no mundo todo, foi Jair Messias Bolsonaro, para descredibilizar o sistema judiciário”, afirmou Moraes.
Logo depois, o ministro pediu para que fossem exibidas imagens dos atos golpistas de 8 de janeiro. Em uma delas, manifestantes seguravam um cartaz com os dizeres “Intervenção Militar – Bolsonaro Presidente”.
“Não está escrito Mauro Cid presidente, não está Braga Netto presidente (...) não estão os demais réus. Aqui está o líder da organização criminosa, presidente, que insuflava esses atos”, concluiu Moraes.
Em seguida, Moraes exibiu no plenário um vídeo de Bolsonaro durante uma manifestação na Avenida Paulista, em que o ex-presidente faz duras críticas ao Judiciário e a Moraes.
“Depois desse evento no 7 de setembro, os ministros do STF passaram a receber dez vezes mais ameaças, e eu passei a receber mil vezes mais ameaças. Isso não é uma grave ameaça ao Judiciário?”, questionou Moraes.