O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que, apesar da pressão do governo dos Estados Unidos, não irá retroceder no processo sobre a tentativa de golpe de Estado, do qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é réu. A declaração foi dada em entrevista ao jornal americano Washington Post, publicada nesta segunda-feira (18).
“Não existe a menor possibilidade de recuar nem um milímetro. Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem tiver que ser condenado, será condenado; quem tiver que ser absolvido, será absolvido”, frisou.
A reportagem classifica Moraes como um “xerife da democracia” e “o jurista mais poderoso da história do Brasil”. O texto cita ainda uma série de decisões do ministro que o fizeram entrar em rota de colisão com a administração de Donald Trump e seus aliados – como o bloqueio da rede social X, do bilionário Elon Musk, e a prisão de Bolsonaro.
“Agora, ao colocar o ex-presidente em prisão domiciliar e bani-lo das redes sociais, ele efetivamente silenciou uma das figuras da direita global mais conhecidas do mundo”, escreveu o Washington Post.
Moraes rebateu ainda as acusações de excesso em suas ações no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do qual foi presidente em 2022 e onde comandou o julgamento que culminou na inelegibilidade de Bolsonaro. Segundo ele, suas decisões são como uma “vacina” contra a “doença” do autoritarismo.
“Entendo que, para a cultura americana, é mais difícil compreender a fragilidade da democracia, porque lá nunca houve golpe. Mas o Brasil teve anos de ditadura sob Getúlio Vargas, depois mais 20 anos de regime militar e inúmeras tentativas de golpe. Quando se é mais atacado por uma doença, você forma anticorpos mais fortes e busca uma vacina preventiva”, argumentou.