Aliados de Bolsonaro na ALMG avaliam interrogatório no STF como ‘circo’

Os deputados, no entanto, criticaram a argumentação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, delator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF)

O ex-presidente é réu na ação que apura a suposta trama golpista pós-eleições em 2022.

Deputados estaduais aliados de Jair Bolsonaro (PL) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) avaliaram a postura do ex-presidente durante o interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) como “firme”, enquanto consideraram o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid como “impreciso”.

Na última terça-feira (10), o STF encerrou os interrogatórios do chamado “núcleo crucial” do processo que apura a suposta tentativa de golpe de Estado após a vitória do presidente Lula (PT) nas eleições de 2022.

Foram ouvidos:

  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, na condição de delator;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Augusto Heleno (PRD), ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto (PL), ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, e candidato a vice de Bolsonaro em 2022.

O líder da bancada do Partido Liberal na ALMG, deputado Bruno Engler (PL), avaliou a ação como um “circo”. Para a Itatiaia, o parlamentar afirmou que o julgamento do ex-presidente é um processo “político” e não “jurídico”.

Na segunda-feira (9), Mauro Cid negou ao STF ter sido coagido ou pressionado a assinar o acordo de delação premiada. Em interrogatório, Moraes o questionou sobre áudios divulgados pela revista Veja, nos quais ele dizia ter sido pressionado a delatar.

Em resposta, o ex-ajudante de ordens afirmou que a mensagem era um “desabafo” e disse não saber como os áudios chegaram à imprensa.

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Engler afirmou que, mesmo com a delação, acredita que Cid não conseguiu dar uma “base de sustentação firme” para que Bolsonaro seja condenado. “Parecia ‘ O Auto da Compadecida 2'. O Cid estava igual ao Chicó: ‘Não sei, só sei que foi assim’. Então não se sustenta. Foi uma casa montada sobre a areia”, afirmou.

A argumentação de Cid também foi alvo de críticas do deputado Cristiano Caporezzo (PL), que afirmou ter presenciado um “circo de horrores”. “Foi a sétima vez que ele falou e a sétima em que mudou a versão. É uma pessoa que não tem o mínimo de coerência no que fala”, disse à reportagem.

O parlamentar ainda criticou a transmissão ao vivo dos interrogatórios pela TV Justiça, embora tenha avaliado a medida como benéfica ao ex-presidente. “Não estou reclamando, porque foi uma oportunidade maravilhosa, diante do desempenho do Bolsonaro, de mostrar ao mundo inteiro o quanto ele é um cara corajoso e coerente”, disse.

‘Eu que decretei’

Embora tenha havido momentos de ironia entre Bolsonaro e Moraes, parlamentares também criticaram a postura do ministro.

Logo no início do interrogatório de Braga Netto — o único réu a ser questionado por videoconferência, por estar preso desde dezembro de 2024 — Moraes perguntou, de forma protocolar, se o ex-ministro já havia sido preso.

Rindo, o militar respondeu que sim, e Moraes rebateu dizendo: “Eu sei que o senhor está, eu que decretei [a prisão]”.

Próximos passos

Com os interrogatórios encerrados, a defesa dos réus e a acusação têm um prazo para solicitar novas diligências.

Após essa etapa, há um prazo de 15 dias para a apresentação das alegações finais do caso. Depois disso, o Supremo marca o julgamento oficial, no qual os ministros irão decidir se os réus, incluindo Bolsonaro, são culpados ou inocentes.

Se houver condenação, a pena será determinada posteriormente.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.
Correspondente da Rádio Itatiaia em São Paulo. Ingressou na emissora em 2023. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. Na Band, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na Band News FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do Band News TV. Em 2023, foi reconhecido como um dos 30 jornalistas mais premiados do Brasil.

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