O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, declarou nesta quarta-feira (9) que a aplicação de novas tarifas sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos seria uma medida “injusta” e prejudicial à própria economia americana.
“Não vejo razão para aumento tarifário em relação ao Brasil. O Brasil não é um problema para os Estados Unidos. Essa medida seria injusta e prejudicaria a própria economia americana”, afirmou Alckmin.
A declaração surge após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizar que deve anunciar, nos próximos dias, novas tarifas sobre produtos do Brasil. Durante um evento com líderes da África Ocidental na Casa Branca, Trump comentou:
“O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom. Vamos divulgar um dado sobre o Brasil, acredito, no final desta tarde ou amanhã de manhã.”Nas últimas semanas, Trump tem intensificado a aplicação de tarifas contra países parceiros, como parte de uma estratégia que ele chamou de política de “tarifas recíprocas”. As medidas vêm sendo divulgadas gradualmente, com alíquotas que chegam a até 30%. Nesta quarta-feira, países como Argélia, Brunei, Iraque, Líbia, Moldávia, Sri Lanka e Filipinas já foram incluídos na lista de nações impactadas.
Entenda o contexto da história
Desde abril, os Estados Unidos vêm tentando renegociar acordos comerciais com diversos países. Apesar disso, apenas dois acordos foram firmados até agora – com o Vietnã e o Reino Unido – e há avanço nas conversas com a China.
O Brasil, por sua vez, tem adotado uma postura cautelosa nas negociações. A tarifa aplicada aos produtos brasileiros até o momento foi de 10%, a menor entre os países afetados. Segundo integrantes do governo brasileiro, o país possui argumentos comerciais sólidos para levar às mesas de negociação e reforça que os EUA mantêm superávit na balança comercial bilateral.
Apesar do tom diplomático do governo nas negociações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem adotado um discurso mais crítico em relação a Donald Trump. Em ocasiões públicas, Lula já comparou o norte-americano a um “imperador” e defendeu o enfraquecimento do dólar no comércio global, especialmente durante encontros do Brics.
Em resposta, Trump afirmou recentemente que países alinhados às “políticas antiamericanas” promovidas pelo bloco Brics poderão ser penalizados com tarifas adicionais de 10%.