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Abin reforça importância das superintendências estaduais no combate ao crime organizado

Diretor de Inteligência Interna alerta para risco de fechamento e destaca produção estratégica

Esaú Samuel Lima Feitosa, Diretor de Inteligência Interna da Abin

Em audiência no Congresso Nacional, nesta quinta-feira (6), o diretor de Inteligência Interna da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Esau Samuel Lima Feitosa, destacou o papel fundamental das superintendências estaduais na produção de conhecimento estratégico sobre o crime organizado, especialmente no Rio de Janeiro, principal palco de operações recentes contra o tráfico.

Segundo Feitosa, a Abin desempenha um trabalho robusto de coleta, análise e processamento sistemático de dados, que exige tanto recursos humanos quanto tecnológicos. “Quando você consegue ingerir um dado que faz diferença para uma ação policial, ele precisa ser processado e transformado em conhecimento acionável”, explicou.

O diretor ressaltou que a interação das superintendências com as forças policiais estaduais, como Polícia Militar e Polícia Civil, é essencial para que a visão macro da Abin se encontre com informações táticas de campo. Essa integração permite direcionar operações de forma estratégica e segura, mitigando riscos de vazamentos de dados sensíveis.

“O trabalho da superintendência é essencial. Não se consegue produzir esse conhecimento de forma eficaz apenas de Brasília. É o diálogo local que garante uma visão detalhada e granularizada do fenômeno”, afirmou Feitosa.

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Na mesma audiência, parlamentares questionaram a Abin sobre a análise de grupos criminosos e o compartilhamento de informações no contexto de projetos que avaliam a possibilidade de considerar facções como organizações terroristas.

O diretor destacou que a agência mantém trocas contínuas com órgãos de segurança estadual e que, embora restrições legais e operacionais limitem o acesso a certas informações, há esforço para formalizar canais de cooperação.

Ele ainda comentou sobre a necessidade de marcos legais para a troca de informações, garantindo segurança jurídica e eficiência na atuação conjunta. “A formalização desses processos tende a gerar um fluxo mais eficiente, mais rápido, permitindo que dados sensíveis sejam compartilhados com segurança”, disse.

Feitosa concluiu reforçando que o fechamento das superintendências estaduais poderia causar prejuízos significativos à produção de conhecimento sobre o crime organizado, comprometendo a eficácia das operações e o assessoramento estratégico às forças de segurança.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.