Ouvindo...

Após anúncio de fundo de transição energética, ambientalistas cobram de Lula Projeto de Lei

Secretário-executivo do Observatório do Clima defende que governo apresente plano concreto e marco legal para viabilizar o novo fundo

Presidente Lula durante discurso na abertura da COP 30

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, avaliou à Itatiaia, nesta sexta-feira (7), que é positiva a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a criação de um fundo de transição energética, mas cobrou que o governo transforme a proposta em medidas concretas.

Segundo ele, é essencial definir de que forma o fundo será estruturado e quais instrumentos legais vão permitir sua implementação.

“Foi uma declaração muito importante. A gente precisa fazer a transição, e essa transição precisa de dinheiro. Quando ele fala no fundo, está dizendo que vai ter um lugar específico para esse dinheiro estar depositado”, afirmou Astrini.

Leia também

Ele destacou, porém, que o governo ainda precisa apresentar os próximos passos. “Seria interessante que já mostrasse quais são os planos, se será a criação de um fundo novo, se existe algum projeto de lei ou marco legal pensado para isso. A iniciativa é extremamente interessante, e é exatamente desse tipo de atitude que a gente precisa. Agora, ela precisa se transformar em prática com os instrumentos legais necessários”, completou.

Astrini defendeu que o debate seja iniciado o quanto antes no Congresso Nacional, com a apresentação de um projeto de lei. Para ele, essa seria a “peça mais adequada” para definir o arranjo econômico e o destino dos recursos.

“O governo precisa debater como esses recursos vão ser depositados, o que eles vão financiar. Já existem colegiados dentro do governo que tratam de energias renováveis, inclusive com participação da sociedade civil e de especialistas. Agora é fazer o arranjo de como se recebe esse dinheiro, como se gerencia e para onde ele vai”, explicou.

Questionado sobre a possibilidade de o governo recorrer a uma medida provisória (MP) para acelerar o processo, Astrini avaliou que essa poderia ser uma alternativa parcial.

“A medida provisória sempre é um caminho mais rápido e efetivo — você coloca ela em prática hoje e ela já está valendo. Mas a equipe econômica precisa tomar pé da situação, porque algumas mexidas no orçamento não são possíveis por MP. Talvez o ideal seja um mix: algo que comece por medida provisória e, em seguida, um projeto de lei”, disse.

“O importante é o governo colocar esse arcabouço jurídico para funcionar, para que as palavras do presidente se transformem em ações reais”, concluiu.

Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.
Jornalista com trajetória na cobertura dos Três Poderes. Formada pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), atuou como editora de política nos jornais O Tempo e Poder360. Atualmente, é coordenadora de conteúdo na Itatiaia na capital federal.