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‘Gastar com armas é pavimentar o caminho para o apocalipse climático’, diz Lula na COP 30

Presidente critica financiamento global aos combustíveis fósseis e pressiona países ricos em sessão que discute metas e entraves da transição energética

Foto oficial dos líderes que participam da COP 30

No discurso que abriu a agenda desta sexta-feira na COP 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a urgência de ampliar o compromisso global com a descarbonização e alertou para as consequências da falta de ação climática. Ao defender maior ambição nas metas internacionais, Lula afirmou: “Sem o cumprimento do Acordo de Paris, caminhamos para um cenário de colapso ambiental, um verdadeiro apocalipse climático marcado por eventos extremos cada vez mais frequentes e devastadores.”

A fala ocorre no dia dedicado a discussão sobre transição energética, considerado um dos temas centrais desta edição da conferência. Representantes de governos, indústria e organismos internacionais discutem hoje alternativas para reduzir emissões em larga escala, avançar em tecnologias limpas e financiar a adaptação de países em desenvolvimento.

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Durante o discurso, Lula também destacou o impacto direto de cada atraso no cumprimento das metas climáticas e reforçou o peso econômico das perdas globais. “A urgência está em manter o aquecimento dentro de limites controláveis - cada décimo de grau acima disso significa perdas mais caras, impactos sociais mais profundos e danos ambientais irreversíveis”, disse o presidente.

“O mundo precisa de um mapa do caminho claro para acabar com essa dependência dos combustíveis fósseis. É tempo de diversificar nossas matrizes energéticas, ampliar as fontes renováveis e acelerar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis”, defendeu o presidente brasileiro, que também criticou a prioridade que os países tem dado ao financiamento de conflitos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia.

“O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para a redução da emissão de gás de efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão. Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático. Não haverá segurança energética em um mundo conflagrado. É fundamental combater todas as formas de pobreza energética”, afirmou Lula.

Desafios da agenda desta sexta

O debate desta sexta concentra a atenção em três eixos que o Brasil tenta elevar ao centro das negociações:

• Descarbonização do setor energético:
A COP30 discute hoje mecanismos para ampliar o uso de energias renováveis e acelerar a retirada de fontes fósseis. Países buscam consenso sobre metas mais firmes e financiamento para a transição.

• Financiamento climático:
Delegações cobram que países desenvolvidos cumpram o aporte prometido - e ainda não entregue integralmente - para apoiar medidas de adaptação e mitigação em nações mais vulneráveis.

• Infraestrutura verde e inovação tecnológica:
A conferência analisa caminhos para expansão de biocombustíveis, hidrogênio verde e sistemas de armazenamento de energia, áreas que o Brasil quer ver reconhecidas como estratégicas na transição global.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio
Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.