O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que alguns estados brasileiros não têm “bons nomes” para o Senado em 2026, entre eles Minas Gerais. A declaração foi dada em uma entrevista ao jornalista Léo Dias, na noite desta terça-feira (25). A fala de Bolsonaro chama a atenção, já que um dos principais expoentes do PL em Minas, o deputado federal Nikolas Ferreira, já deixou clara sua intenção de concorrer ao Senado em 2026.
Bolsonaro chegou a dizer que gostaria de ver o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, natural do Rio de Janeiro, como senador pelo estado. “Gostaria que o Paulo Guedes (ex-ministro) aceitasse ser senador por Minas Gerais. Estamos tentando, o Paulo Guedes é uma pessoa que está com a vida resolvida”, disse Bolsonaro. “O Paulo Guedes seria um baita nome dentro do Senado brasileiro”, acrescentou.
De acordo com Bolsonaro, o presidente do nacional do PL, Valdemar Costa Neto, deu a ele a responsabilidade de escolher os candidatos do partido que vão concorrer ao Senado. “Enquanto eu podia falar com o Waldemar, ele é uma pessoa que tem palavra. Tem seus problemas, mas ninguém pode negar a palavra dele. Ele falou que quem vai organizar o Senado para o ano que vem sou eu. São 54 vagas, duas por Estado, uma no DF, que eu vou decidir estes nomes”, disse.
Desde fevereiro de 2024, o ex-presidente e Valdemar Costa Neto estão proibidos de ter contato por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A decisão foi tomada no âmbito da operação “Tempus Veritatis”, que investigava a tentativa de golpe de Estado.
Nikolas de olho no Senado
Embora não tenha sido citado por Bolsonaro, Nikolas já afirmou que gostaria de disputar uma das duas cadeiras de Minas Gerais no Senado, caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a idade mínima para a disputa de cargos no Senado e na Presidência da República avance. “O que de fato me atrai nesta proposta (do deputado Eros Biondini, do PL) é o Senado. Vejo que o Senado está sendo, infelizmente, um fiel da balança leve em relação aos atritos que o STF tem gerado no nosso país, um desbalanço da democracia”, disse.
‘Não deixa a fama subir à cabeça’
Em outro trecho da entrevista, Bolsonaro falou especificamente sobre Nikolas. Na avaliação dele, o mineiro “se empolgou” com a possibilidade de a PEC ser aprovada, o que, na avaliação do ex-presidente, não deve acontecer. “Tem certas coisas que é idade. O cara para ser presidente ou senador com 30 anos (...) acho muito pouco essa idade. Acredito que o Senado não aprovaria uma PEC dessas, teria mais concorrência (para 2026). Conversei com ele (Nikolas) sobre isso: ‘não deixa a fama subir à cabeça’. Ele tem a cabeça no lugar”, concluiu o ex-presidente.
Apesar de também já ter sinalizado a possibilidade de disputar a Presidência, Nikolas reiterou, diversas vezes, a vontade de que Bolsonaro concorra ao cargo em 2026. “Não, eu não disputo a Presidência da República. Isso fica a cargo de pessoas muito mais experientes, pessoas que já passaram pela vida pública por uma longa data, como, por exemplo, Bolsonaro”, disse em entrevista à Itatiaia.
Bolsonaro inelegível
Por decisão de dois julgamentos em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Bolsonaro inelegível por 8 anos, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Foram cinco votos a favor a apenas dois contrários. O TSE entendeu que Bolsonaro, enquanto presidente, usou do cargo para promover uma reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada.
Durante o evento, Bolsonaro fez afirmações, sem provas, sobre o sistema eleitoral brasileiro. A defesa do ex-presidente recorreu e o caso tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
No mesmo ano, outra ação levou à inelegibilidade não só de Bolsonaro, mas também do ex-ministro da Defesa, Braga Netto (PL).
A condenação, também por oito anos, se deve porque a Corte Eleitoral considerou que houve abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência.
Os advogados de Bolsonaro também recorreram e o então presidente do TSE, Alexandre de Moraes, rejeitou o pedido para que o caso seguisse para o STF. A defesa recorreu novamente, mas ainda não há uma definição do tribunal eleitoral.